Inelegibilidade de Bolsonaro dá em quê?

Na medida em que o governo Lula acumule realizações consistentes e de apelo popular, como já vem acontecendo; e siga atraindo parte do centro e do centro-direita mediante compromissos curcunstanciais, uma nova correlação de forças, mais favorável, se instalará.

Brasília (DF), 29/06/2023 - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma julgamento da ação (Aije nº 0600814-85) que pede a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e de Walter Braga Netto, candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tudo leva a crer que o TSE decidirá pela inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro por 8 anos, tamanha a exuberância das provas dos crimes eleitorais que cometeu no exercício do cargo e pelo andar do julgamento.

Demais, ainda há alentado volume de processos a que responde, que no conjunto conformam uma espécie de nocaute político do líder ultradireitista.

Como se move essa pedra no tabuleiro político?

A História é rica em registros de líderes temporariamente impedidos de disputar eleições, aqui e em outras terras, que assim mesmo seguiram exercendo papel destacado na cena política.

Não parece que venha a ser o caso de Jair Bolsonaro. Falta-lhe estofo para tanto e pesadas placas tectônicas se movem tornando o ambiente político mais complexo do que ele é capaz de alcançar.

Nada parecido com a polarização de certo modo “primária”, com poderoso estímulo midiático, que se instalou na esteira sobretudo da Operação Lava Jato, na qual o discurso anti sistema desprovido de proposições programáticas vicejou.

O jogo agora é outro.

Há um conflito de projetos de nação mais complexo. Agora, o governo liderado por Lula empenha-se num programa de reconstrução nacional, pedra de toque de desejada transição a um modelo de desenvolvimento soberano e democrático; e as forças de direita e da própria extrema direita são chamadas a se contraporem com alternativa minimamente fundamentada e propositiva.

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Desaforos e diatribes característicos de Bolsonaro já não são suficientes. 

Daí as especulações acerca de hipotéticos novos líderes que venham a ocupar o seu lugar e darem conta de uma necessária renovação do discurso.

Mesmo na suposição de que assim mesmo o capitão — agora posando de vítima — possa ser um bom cabo eleitoral e percorra o país, como uma espécie de El Cid tupiniquim, animando os mais alienados.

Uma empreitada de fôlego curto, certamente.

E na medida em que o governo Lula acumule realizações consistentes e de apelo popular, como já vem acontecendo; e siga atraindo parte do centro e do centro-direita mediante compromissos curcunstanciais, uma nova correlação de forças, mais favorável, se instalará.

Em perspectiva, portanto, Jair Messias Bolsonaro retornará ao seu devido lugar, próprio dos energúmenos.

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