Manaus: o 1º debate na TV
As eleições no Brasil se tornaram um tanto quanto pasteurizadas. A partir de certo nível de candidatos todos dispõe de pesquisas qualitativas e quantitativas que lhes permite aferir com certa precisão os desejos e ressalvas do pensamento médio dos eleitores.
Publicado 09/08/2012 08:27
Em decorrência disso, essa lógica foi rigorosamente cumprida no 1º debate da TV Band em Manaus ou em qualquer outra cidade importante do país. A maioria dos 6 candidatos mais pareciam um ator representando um determinado papel do que mesmo tratando da realidade de suas vidas e da campanha em curso.
E nesse cenário com a maioria dos candidatos transmutados em personagens houve de tudo: do apelo à justiça com as próprias mãos aos “arrependimentos de ocasião”, passando pelo apelo a uma nova oportunidade por um eventual amadurecimento e as soluções tecnicistas.
Num ambiente tão pasteurizado como esse o diferencial é menos pelo que se diz e mais, muito mais, pela história de cada um, o que nos permite aferir o grau de credibilidade que se pode emprestar ao discurso de cada um dos candidatos.
Por essa razão foi quase natural o excelente desempenho da Vanessa, medido em qualquer grupo de análise com rigor técnico e um mínimo de imparcialidade. Quando ela diz que vai enfrentar os problemas e procurar resolve-los em parceria, o expectador leva a sério. Sabe que a sua longa experiência parlamentar (vereadora, deputada federal e senadora), associada ao seu excepcional relacionamento com o governo federal e estadual lhe credenciam como alguém que efetivamente pode trazer recursos e apoios para enfrentar os graves problemas de Manaus. Ademais, a sua histórica relação e o apoio que tem dos movimentos sociais indicam que ela terá muito mais possibilidade de administrar que qualquer outro concorrente. Tudo isso indica, para o expectador, que ela não está falando para seguir um script previamente traçado e sim expressando aquilo que a sua trajetória expressa como possibilidade e determinação de fazer.
Serafim procurou se apoiar na sua gestão, o que alias fez muito bem. O problema é que a sua gestão foi mal avaliada e ele acabou ostentando o incômodo título de único prefeito de capital que não se reelegeu, sendo sucedido por Amazonino que sequer disputa as eleições.
Coincidentemente foi também em decorrência de uma gestão mal avaliada, em todos os sentidos, que após 4 anos de administração de Artur Neto (1989 a 1992) Amazonino Mendes foi eleito pela primeira vez prefeito de Manaus – antes havia sido prefeito nomeado. Por essa razão o expectador sabe que não pode esperar muita coisa do candidato, nem no trato democrático e nem no aspecto administrativo. A agressão contra os camelôs não foi um fato isolado, por isso é compreensível que ninguém leve a sério seus eventuais pedidos de “desculpas”.
Sabino fez o previsível. Focou um determinado nicho de eleitores que estão desesperados e buscam soluções pouco ortodoxas. Não tinha a pretensão de convencer ninguém de suas ideias e sim firmar a marca de “xerife” com a qual outros personagens se apresentam Brasil afora.
Henrique buscou ficar bem com todos e esqueceu que era preciso dizer e demonstrar como vai procurar resolver os problemas crônicos de Manaus. No outro extremo Pauderney buscou excessivamente o detalhamento técnico e creditou, com o bordão sou engenheiro, aos eventuais arranjos tecnológicos a solução para todos os males, sem demonstrar como viabilizará os recursos necessários a essa empreitada.
No próximo debate certamente teremos mais pessoas e menos personagens. Espero.