Novamente sobre a crise

Quero destacar um aspecto que julgo relevante na atual crise que assola o mundo: a avalanche aterrorizante de informações. Levando-se em conta os aspectos globais das comunicações e os novos meios à disposição, vivemos, junto com a crise, um verdadeiro

Quem consegue ordenar os dados, compará-los e caracterizar origens e tendências?


 


Quem consegue quantificar e compreender os alcances dos fenômenos?


 


Como se repercutem as iniciativas de resistência que têm acontecido?


 


O predominante é como a cobertura histérica de um desastre e como quem grita “fogo!” em pleno salão lotado.


 


 


Há uma contradição flagrante: a oferta de informação ultrapassa a capacidade de usá-la para o próprio enfrentamento da crise e coordenação de esforços. Diga-se de passagem que a gritaria procura maliciosamente ocultar as causas verdadeiras e criar confusão sobre as medidas necessárias.


 


 


Talvez seja interessante comparar, sob este aspecto, a crise atual e a Grande Depressão de 1929.  Embora a crise atual tenha obviamente uma dimensão absolutamente maior, até mesmo porque atinge o mundo todo, comparativamente a crise do século passado foi muito mais feroz. Vou dar um só exemplo. Enquanto hoje, os Estados Unidos com 300 milhões de habitantes têm 12,5 milhões de desempregados, em 1933, com uma população de 135 milhões os desempregados ultrapassaram os 13 milhões de pessoas (e a contagem era bem menos precisa).


 


 


Na época todas as informações eram muito mais escassas e menos abrangentes. Aqui no Brasil, por exemplo, o comunista Leônidas de Rezende, em sua tese apresentada em 1932 na Universidade do Rio de Janeiro (disputando a cátedra com Alceu Amoroso Lima e ganhando o embate com a primeira tese marxista na Universidade do Brasil) teve dificuldades em arrolar os dados sobre a conjuntura internacional apresentando o que conseguiu, citações de poucos jornais e de fontes precárias. E, no entanto, apesar da precariedade, demonstrou que em uma parte do mundo, na União Soviética, não só não havia crise como registrava-se crescimento acelerado, aumento de emprego e industrialização , diferentemente da tragédia vivida pelo mundo capitalista.


 


 


Fica a lição: ontem, pela escassez de informações, hoje por seu excesso, temos que agir com abnegação e inteligência para compreender o que anda acontecendo e o que se deve fazer para enfrentar a crise. 

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