Outro mundo é possível?

Empunhando a bandeira de que “um outro mundo é possível”, mais de 50 mil manifestantes de todo o mundo tomaram as ruas de Nairobi, no Kenya, abrindo a 7a edição do Fórum Social Mundial (FSM).

Mas se a palavra de ordem era a mesma com a qual o FSM se notabilizou desde a sua 1a edição em Porto Alegre, Brasil, ainda em 2001, o seu conteúdo certamente já não era o mesmo.
O Fórum foi criado no auge da ofensiva neoliberal – caracterizado pela defesa do estado mínimo e a supressão dos direitos sociais e trabalhistas – e da crise teórica do socialismo, materializada com a derrota da experiência soviética.


 


Desta forma, o FSM se propunha a negar tanto a ferocidade capitalista quanto o socialismo que havia “fracassado” na União Soviética. Este era o conteúdo ideológico das suas primeiras edições.
A busca por “atalhos”, ou seja, a tentativa de evitar a polarização “capitalismo versus socialismo” não é algo novo, sempre esteve presente no movimento popular e no ambiente acadêmico e ou teórico. Os idealizadores do Fórum se valiam deste arsenal político e teórico acumulado ao longo dos tempos.


 


É compreensível, portanto, que as soluções apresentadas refletissem essa confusão teórica. O que mudou, então, para alterar o conteúdo da versão original?


 


O que mudou foi o mundo. Enquanto o fracasso da política neoliberal é algo inquestionável, os países que reafirmaram o socialismo, como China e Vietnã, crescem a patamar de 10% ao ano.
Diante dessa nova realidade é natural que os participantes do Fórum comecem a exigir que as suas resoluções explicitem que este “outro mundo” é o mundo socialista. Embora não haja unanimidade nesta compreensão, a tendência será esta, sob pena do Fórum perder completamente a razão de existir.


 


O debate, como sempre, será longo e duro. Mas a história se encarregará de demonstrar que “a prática é o critério da verdade”.

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