Para além das Olimpíadas

Para desespero dos ideólogos da direita a “olimpíada chinesa” acabou tal qual começou: monumental.

A direita torcia e alimentava alguma expectativa acerca de um fracasso no maior evento esportivo do mundo, fosse por atos “terroristas”, por pura e simples desorganização ou por um eventual desempenho esportivo medíocre dos anfitriões no quadro de medalhas. Tiveram que engolir em seco, pois os chineses não apenas foram impecáveis na organização e na segurança dos participantes como ainda foram campeões absolutos em medalhas de ouro.


 


 


O discurso já ensaiado do “fracasso do comunismo até mesmo para organizar uma olimpíada” não vai poder ser feito. E, com indisfarçável má vontade, os reacionários do mundo são obrigados a registrarem o sucesso do evento sem, contudo, deixarem de destacar – como se anunciasse o fim dos tempos – que uma chinesinha cantou no lugar de outra.


 


 


Mas, afora o sucesso em si do evento, as olimpíadas revelam de forma cruel a verdadeira faceta do mundo capitalista, sintetizada na brutal concentração de riquezas nas mãos de poucos. Evidenciando que o mundo é material esse fenômeno se expressa em tudo, inclusive no quadro de medalhas de cada país.


 


 


Os números falam por si mesmo. Participaram da olimpíada 205 países que ao final do evento conquistaram 959 medalhas: 302 de ouro, 304 de prata e 353 de bronze. Visto assim, tudo bem.


 



Quando se detalha esses números aí a tragédia é evidente. Apenas 10 países (China, EUA, Rússia, Inglaterra, Alemanha, Austrália, Coréia do Sul, Japão, Itália e França), que representam menos de 5% dos participantes, conquistaram 56% do total de medalhas e, especialmente, 65% das medalhas de ouro.


 



O detalhamento nos revela outras tragédias. Apenas 55 países conquistaram pelo menos uma medalha de ouro. Somando-se os que obtiveram alguma medalha de prata ou de bronze esse número chega apenas a 88 países. Nada menos do que 117 países (57%) sequer figuram na estatística. Significa que as olimpíadas, na prática, são para um seleto grupo de países.


 



Não por acaso, nesse seleto grupo estão precisamente as maiores economias do mundo, com uma ou outra exceção, como é o caso do Brasil, que embora esteja entre as maiores economias do planeta continua com um desempenho medíocre também nos esportes olímpicos.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor