Participação estudantil no Fórum Social Mundial

Realizado na cidade de Nairóbi, Quênia, o Fórum Social Mundial (FSM), em sua sétima edição, teve a presença de uma significativa delegação brasileira formada por aproximadamente 500 pessoas. Em meio a essa delegação uma simbólica participação de estuda

Essas três entidades brasileiras, em conjunto com a OCLAE e demais organizações estudantis de outros países e continentes, promoveram várias atividades no âmbito do Fórum, que pela primeira vez foi realizado integralmente no continente africano com o lema: “A luta dos povos, as alternativas dos povos” (em substituição ao tradicional “Outro mundo é possível”, usado desde a criação do FSM).


 


 


Apesar de limitações, lacunas e incompreensões sobre o papel do Fórum – algumas delas expostas na Assembléia dos Movimentos Sociais e registradas pelos próprios estudantes -, o encontro permitiu que o continente africano fosse palco de uma das maiores atividades dos movimentos sociais locais e a realidade do povo africano vivenciada mais de perto por milhares de ativistas que pautaram com maior ênfase os problemas da região. Reclamações questionando o patrocínio ou apoio dado por governos, entidades religiosas e organizações privadas, ou mesmo o alto valor cobrado pela inscrição e a pouca presença de quenianos durante os cinco dias do evento são pertinentes, mas secundárias em relação à centralidade da convergência da luta em uma plataforma comum de atividades dos movimentos sociais (que os estudantes defendem), capaz de denunciar e enfrentar o imperialismo, inimigo comum dos povos e nações. E é justamente no continente africano onde o imperialismo mostra sua face mais odiosa, vide a educação que é denunciada pelos estudantes quenianos como inacessível, de baixa qualidade e elitista.


 


 


 Logo na abertura do evento os estudantes engrossaram a caminhada com cerca de cinco mil pessoas que saiu de Kibera, a maior favela do país (e onde foram rodadas cenas do filme O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles), proporcionando um proveitoso contato entre a população local e os participantes do encontro. A realidade vivida pelo povo queniano (que está longe de ser uma das piores do continente) mostra as conseqüências de anos de saqueio promovido pelas nações imperialistas que retaliaram e repartiram o continente segundo seus interesses, espoliando os povos originários e insidiando a guerra entre eles.


 


 


A participação dos estudantes brasileiros durante todo o evento foi intensa, interagindo com as várias atividades auto-gestionadas promovidas por UBES, UNE, ANPG e o Encontro Internacional dos Estudantes organizado pela OCLAE. Nesse encontro, mais de 50 dirigentes estudantis puderam fazer importantes informes sobre a realidade local do movimento estudantil dos seus respectivos países, apontar perspectivas de lutas conjuntas e ainda formular um manifesto unitário em defesa da educação, contra o imperialismo e pela paz (ver em  www.oclae.net). Também a realização da atividade da UNE que levou o nome/lema de sua 5° Bienal de Arte (Brasil – África: Um Rio Chamado Atlântico) não poderia ter sido mais original e oportuna na divulgação dessa atividade que propôs pautar arte, ciência e cultura sob o prisma da contribuição africana na formação do Brasil e seu povo.


 



 
Merecem destaques também as reuniões do Fórum Mundial de Educação que foram prestigiadas pelos estudantes que subscreveram as reivindicações pontuais e centrais em torno da educação construídas pelos integrantes desse importante espaço e os dois dias de reunião do Conselho Internacional do FSM, ocorridas nos dias 26 e 27, que contou com a presença dos estudantes. Nessa oportunidade foi encaminhada pela UNE, em nome de diversas entidades sociais brasileiras, a proposta de que o Fórum em 2009 seja no Brasil. Foi entregue uma carta do governador do Paraná, Roberto Requião, oferecendo o estado para receber o evento.


 


 


O Conselho Internacional do Fórum decidiu que em 2008 não haverá mais um único encontro, sendo substituído por mobilizações em todo o mundo durante o mesmo período do Fórum Econômico de Davos. Assim, aconteceria um Fórum Brasileiro nessas datas com as mobilizações de 2008 definidas pelo Comitê Brasileiro.


 


 


Independente de local e datas, os estudantes continuarão impulsionando os movimentos sociais no combate ao imperialismo, em defesa de uma educação de qualidade e contra a mercantilização do ensino.

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