Resenha do filme ‘Deixe-o Partir’

George e Margaret perdem o filho e deixam eu idílico rancho para resgatar o neto de uma família perigosa.

Deixe-o Partir, disponível na Netflix, é estrelado por Kevin Costner e Diane Lane | Foto: Divulgação/Universal Pictures

O longa-metragem Deixe-o partir (“Let Him Go”, no original) é um excelente faroeste lançado em 2020 e que pode ser assistido na NetFlix, baseado no romance homônimo de Larry Watson, autor americano de romances, poesias e contos. O roteiro e direção são de Thomas Bezucha e conta com a admirável participação de Diane Lane (Margaret) e Kevin Costner (George), um casal de meia idade que cultiva uma relação de carinho e amor. Perdem seu filho James (Ryan Bruce) e em seguida seu único neto Jimmy (Otto and Bram Hornung), que desaparecem com a nora Lorna (Kayli Carter) e o padrasto agressor do pequeno lugarejo onde moram, pertencente ao Estado de Montana.

George, um xerife aposentado, e Margaret, domadora de cavalos, ambos de luto pela morte do  filho, partem em busca do único neto sem saber por onde começar, pois desconhecem o paradeiro. Eles passam por diversos locais e no caminho encontram um jovem indígena que mora só em um casebre e que fala sobre a cultura de seu povo, e da perda de sua família.

A trilha sonora impactante típica de filmes de faroeste ajuda a embalar a dor dos avós e nos ambienta àquela realidade, fazendo-nos imergir no espaço em que se passa a história.

O que ocorre na segunda parte do filme é a descoberta do local onde está a nora e o neto. Lorna, a Nora, juntou-se a uma pessoa truculenta, Donnie, que a mantém sob rígido controle. Encontram uma família violenta, onde atua despoticamente a mãe de Donnie (Will Britain), uma pessoa cruel que reproduz em toda sua família uma relação de ódio. As autoridades locais aceitam e encobrem as atrocidades da família raptora da criança, e que age de forma agressiva contra a ida do neto (e da nora junto) para ser cuidado por seus avós.

A película, com quase duas horas de duração, transcorre nos anos 60 do século, provoca momentos de aflição e de respiração mais acelerada, induzindo, por meio de angústia também, uma empatia com o casal de avós George e Margaret.  Ao mesmo tempo, a torcida de esperança para que o neto possa se livrar da horrorosa família em que está praticamente aprisionado. Daí o título do filme.

Recomendo o filme, tanto pela ótima fotografia, a trilha sonora, a performance de força e persistência de Margaret em não desistir. E por apresentar uma situação tão presente nas sociedades, a violência doméstica e familiar contra mulheres e crianças na América patriarcal, onde prevalecem as relações de poder dos homens sobre as mulheres, manifestação que perpassa toda a sociedade, sendo muitas vezes praticada também por mulheres, a exemplo da mãe despótica mostrada no filme.

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