Sepror: dilema ou desafio?

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Ao ser convidado para assumir a Secretaria de Agricultura me deparei com apoios entusiasmados, recomendações de cautela e até mesmo apelos para não assumir o novo desafio, o que me fez lembrar do duelo verbal travado entre os poetas russos Sierguéi Iessiênin e Maiakovski.
Iessiênin, desiludido com os rumos da construção do socialismo, se suicidou. Escreveu com o próprio sangue que “se é verdade que não há novidade alguma na morte, também é verdade que não há razão alguma para viver”.


 



Maiakovski, colega e amigo, protestou: “Iessiênin, difícil não é a morte, mas a vida e seus ofícios”, o que restou provado quando ele próprio se suicidou.


 



De fato, viver, superar problemas, enfrentar desafios, é muito mais complexo do que morrer ou fugir dos problemas. Mas, como a natureza e a sociedade se transformam e evoluem permanentemente, sempre surgirão novos desafios.


 



Nesses momentos, como “o novo nega o velho e o velho nega o novo”, o choque é inevitável. Surgem dúvidas, ponderações e divergências, de militantes e aliados, zelosos e preocupados com a melhor tradição partidária. Alguns interpretam tais desafios como um dilema e apelam para que não abandonemos a trincheira do parlamento onde, segundo dizem, fizemos um eficiente trabalho de fiscalização e de apoio aos trabalhadores.


 



A estas ponderações sinceras nós respondemos com um questionamento: por que, então, não levar ao executivo essa eficiência demonstrada no legislativo? Pois, eliminada a hipótese do “adesismo”, que não figura entre as nossas tradições políticas, o partido considera uma conseqüência natural a sua participação em governos que ajudou a eleger.


 



Logo nós não temos um dilema, muito menos de natureza “shakespereana”, de “ser ou não ser governo”. O que temos é o desafio de demonstrar, no executivo, a mesma eficiência que nos creditam como parlamentar.

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