Terceiro governo Lula: para onde vamos?

O primeiro ano do governo Lula, aliás os primeiros seis meses do governo Lula, serão fundamentais para o fortalecimento de sua gestão

Foto: Ricardo Stuckert

Um dos maiores desafios do novo governo será governar. De partida, há um movimento muito bem-organizado, com financiamento e estrutura, que não apenas contesta o resultado das eleições, mas quer uma ruptura e a entrada das Forças Armadas no poder.

Esse movimento não simplesmente virará fumaça a partir de 1° de janeiro de 2023. Está bem instalado, inclusive com o apoio firme de 15,0%-20,0% da população, que apoia a pauta dos golpistas e, pior, assumindo elementos claramente fascistas o que, na prática, significa um tensionamento social permanente.

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Esse movimento, que é mundial, foi brecado a muito custo, pela efetiva formação de grande frente ampla, termo que deixa alguns progressistas de pelo eriçado, e a formação do novo governo, além de ver o Mandrião destruir o que resta do país; ter de negociar com um Congresso que surrupiou os poderes do Executivo, criando o “orçamento secreto”; e montar um governo que ainda está em processo de construção.

Muitos queriam que, de imediato, fossem apresentados os nomes, de preferência todos os petistas, mas a realidade é que o futuro governo tem que começar pela pacificação do país. E o que significa pacificação?

O novo governo deve, num primeiro momento, atrair os vastos segmentos da população mais pobre, muito suscetível aos encantos dos discursos fascistas, através de políticas emergenciais que forneçam, acima de tudo, esperança para os milhões de brasileiros que hoje estão em insegurança alimentar e formam um vasto exército de desempregados, subempregados e desalentados.

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Mas esse “primeiro momento” deverá ser muito bem articulado, o que exigirá, num universo heterogêneo e difuso, uma certa homogeneidade de ações. É um momento em que, antes da posse, há vários campos que disputam espaços no governo e as trocas de cotoveladas, coisa que os fofoqueiros adoram.

No começo de dezembro sairá um documento, feito por poucas pessoas, que condensará a multiplicidade de pensamentos que estão forjando as diversas análises e relatórios, que mostrarão certamente um cenário dantesco, dado que o país efetivamente está destruído em várias áreas.

Esse primeiro movimento do futuro governo tem um parâmetro, que é o Orçamento 2023, e a própria formação do governo, que mostrará aos diversos agentes econômicos e políticos, qual a pretensão desse governo, que na prática deve ser melhorar a economia desse país, que passa inexoravelmente pela chamada “PEC da Transição”, que está em disputa.

Além de tudo isso há o poderoso ente abstrato, o tal mercado, que já está impondo a falácia de que com um rigor fiscal, os grandes beneficiados seriam os assalariados, pois um descontrole fiscal pode, na opinião desses liberais de proveta, gerar um processo inflacionário. Lula vai ter que estar em permanente relação com o mercado.

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E para terminar há a questão da presidência da Câmara dos Deputados, hoje presidida por Arthur Lira, que controla boa parte do Orçamento e dá mostra de que quer continuar sendo o presidente da Casa Legislativa. Ou seja, a negociação da “PEC da transição” também passa por essa eleição.

O primeiro ano do governo Lula, aliás os primeiros seis meses do governo Lula, serão fundamentais para o fortalecimento de sua gestão, que enfrentará a reconstrução de um país que parece ter saído de um tsunami, com milhares de ratos fascistas chafurdando o ambiente.

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