Viva Santo Antônio

O culto de Santo Antônio (nascido Fernando), assim como o de São João, da maneira que é festejada no Brasil, é herança portuguesa. Santo Antônio nasceu em Lisboa; originalmente ele nada tinha a ver com namorados e casamentos. Na verdade ele era invocado e utilizado seu nome, como arma contra perigos iminentes na guerra. Mesmo no Brasil, Santo Antônio era invocado pelos soldados do Império e da República; sendo que em muitos quartéis tratavam-no de “tenente”, “capitão” ou “sargento”. Têm-se notícias de que em algumas companhias do exército brasileiro, o “tenente Santo Antônio” chegou a ter soldo e um ordenança a seu serviço. Atualmente Santo Antônio já não é mais cultuado como militar, mas sim como casamenteiro e “deparador” de coisas perdidas; sendo que nessa esta última “graça”, ele a divide com São Pedro. Os “bacamarteiros” de Caruaru, PE, são ainda hoje a prova viva do Santo Antônio militar, embora eles se apresentem nas festas de São João. Com os seus poderosos bacamartes (copiados de modelos de “granadeiras” usadas pelas tropas da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai), eles atiram para o chão e para o alto, com cartuchos de pólvora seca. O fito é de festejar Santo Antônio, militar e casamenteiro e de quebra, o nascimento de São João Batista e obviamente, São Pedro.

O Padre Antônio Vieira, à época que vivia no Maranhão, (1656), conforme o historiador Câmara Cascudo), escreveu : …"Se vos adoece um filho, Santo Antônio; se vos foge o escravo, Santo Antônio; se mandais uma encomenda, Santo Antônio; se esperais o retorno, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se aguardais a sentença, Santo Antônio; se perdeis a menor miudeza da vossa casa, Santo Antônio; e, talvez se quereis os bens alheios, Santo Antônio".

Portanto, como se denota, Santo Antônio é um santo para todas as horas e para todos os assuntos; não é à toa que me chamo Antônio: meus pais tinham muito bom gosto!

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