Nesses dias, bem a propósito, estamos vivendo o desenrolar da “copa que não ia ter” (sic) e do fechamento das coligações eleitorais, dois eventos que envolvem elevada dose de paixão, desnuda os distintos interesses de classe e impõe a todos os envolvidos a obrigação de certa racionalidade.
Em vários momentos de avaliação pré-copa eu sempre achei que havia um certo exagero nas justas preocupações externadas por camaradas que estavam lidando diretamente com o assunto, no que diz respeito a eventuais protestos que pudessem comprometer o êxito do evento. Felizmente eu tinha razão.
A copa começou! E com ela a euforia de milhares de brasileiros e não brasileiros, que tem no futebol uma de suas maiores paixões. Nos aeroportos do país, do norte ao sul o que se vê é um clima de festa, de alegria. Cada um se preparando, a seu modo, para o maior espetáculo esportivo do planeta. Ademais, o clima é de otimismo em relação ao desempenho de nossa seleção, o que explica, também, o disfarçado mau humor que a direita exibe.
O governo federal repassou para Manaus 1,4 bilhão de reais em 2013. A projeção para 2014 é de 1,5 bilhão, dos quais 378 já foram liberados até março. Mesmo assim o prefeito Artur Neto (PSDB) declarou ao jornal Em Tempo (24.05.2014) que “sua paciência com Dilma acabou”, reclamando que não recebeu os recursos esperados.
Quando escrevi a 1ª coluna da trilogia PSDB x PSB afirmei que o tucano Aécio Neves havia revelado um segredo “guardado a sete chaves” ao declarar que contaria com o PSB na sua base de sustentação, num hipotético governo tucano. Algumas pessoas reclamaram e outros acharam que era precipitada tal afirmação, sem dados na realidade.
Após ter sido escalado pelo candidato tucano como mero coadjuvante do consórcio de direita que pretende desalojar a presidenta Dilma Rousseff, o candidato do PSB, Eduardo Campos, vive um novo dilema: como desalojar o aliado tucano da 2ª posição nas pesquisas de intenção de voto?
O desespero que vem tomando conta do PSDB na luta para melhorar seu pífio índice eleitoral, levou o pré-candidato Aécio Neves a revelar uma estratégia até então guardada a “sete chaves”. Simplesmente o tucano informou que numa hipotética vitória sua, eles formarão um bloco com o PSB para assegurar a chamada governabilidade.
Tenho insistido neste espaço que as dificuldades do governo Dilma dizem respeito, basicamente, à falta de uma pauta progressista, que sinalize claramente o rumo que seu eventual 2º mandato irá tomar, ou seja, a serviço de quem prioritariamente estará.
A direita já estabeleceu abertamente a sua tática: a teoria do caos, cuja essência é inspirada no princípio da propaganda nazista de que “uma mentira repetida mil vezes acaba virando verdade”.
Como uma democracia ainda em fase de consolidação, é compreensível que no Brasil em cada eleição abunde candidatos e faltem propostas, ideias claras, de como enfrentar os problemas estruturantes que se arrastam há séculos.
Tudo indica que a teoria do caos foi o ultimo recurso que restou à direita na disputa eleitoral que se avizinha em 2014.
Há 50 anos, nesse dia 31 de março de 2014, a direita brasileira, com patrocínio intelectual e material da CIA – a agência de espionagem americana – derrubava o governo constitucional de João Goulart (Jango) e instituía uma ditadura chefiada por um general do exército como prêmio por terem se prestado ao serviço sujo desses facínoras.