A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Jaime Sautchuk

Trabalhou nos principais órgãos da imprensa, Estado de SP, Globo, Folha de S.Paulo e Veja. E na imprensa de resistência, Opinião e Movimento. Atuou na BBC de Londres, dirigiu duas emissoras da RBS.
Refugiados são bem-vindos

O Brasil tem sido citado em fóruns internacionais como um dos países que mais recebem refugiados procedentes principalmente do Oriente Médio, em especial da Síria e Iraque. Mais até que muitos países europeus que têm se queixado do êxodo atual. Contudo, este fluxo migratório tem um peso insignificante diante do crescimento da população nativa daqui, este sim um fato que já preocupa autoridades do setor.

Filme quase perfeito 

O longa Bye Bye Brasil (1979), do grande diretor Cacá Diegues, poderia estar entre os três melhores filmes do cinema brasileiro até aqui, pelo menos na minha lista. Mas não está por uma razão que eu já conto. Por essa mesma razão, quem sabe, perdeu por um triz a Palma de Ouro de Cannes, mas de todo jeito foi assistido mundo afora, e elogiado, pelas qualidades que tem.

Haddad lembra Lerner

Em mobilidade urbana, não cabe partidarismo, apenas pulso firme em favor de cidades mais humanas. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad está conseguindo dar um jeito na muvuca, na função de gestor, enfrentando interesses de alguns que querem a prevalência do privado sobre o público. Me fez lembrar de Jayme Lerner, nomeado em 1971 prefeito de Curitiba, pela Arena, o partido oficial da ditadura.

As margaridas estão chegando 

Pelo quinto ano seguido, em agosto vamos presenciar a Marcha das Margaridas, certamente a maior manifestação popular organizada no Brasil nos dias atuais. Trabalhadoras rurais dos mais remotos rincões organizaram durante meses fileiras que sairão de diferentes pontos do território nacional como teias de uma enorme rede que vão se encontrando até formarem uma única coluna, na chegada a Brasília.

Totó Neto em Caracas

 Um amigo meu é goiano da cepa e adora sua terra, mas é promotor de justiça em Minas Gerais. Já passou em concursos no seu Estado, mas não assumiu o cargo alegando que “Goiás é complexo, ali o coronelismo ainda vive”. E ele tem um bocado de razão, pois ali não são apenas os conceitos e a postura coronelista que sobrevivem aos séculos, mas há exemplares de carne e osso presentes na política local.

Dois pesos e dez medidas

Os baba-ovos de um programa de TV chamado Manhattan Connection podem brincar de perguntas e respostas com FHC quantas vezes quiserem, sem constrangimentos. Com ele, não há porque falar de ética na vida pública, do patrimônio que acumulou na política, nem mesmo do fato dele ter apoiado o golpe de estado de 1964. São assuntos de somenos relevância.

Buzu da história

Em longa matéria em seus noticiários, a Rede Globo criticou outro dia o transporte escolar em barcos no Pantanal Maranhense, como um drama inconsolável daquelas crianças e suas famílias. Talvez fosse melhor abrir estradas, muitas pontes e colocar ônibus escolares como os que circulam nas cidades, é o que se deduz.

Jornalismo precário 

É inegável que a grande mídia brasileira passa por severa crise, com crescente perda de credibilidade e vulgarização completa do que poderíamos chamar de jornalismo. Não se trata apenas da campanha aberta contra o governo federal e o PT, o principal partido de sua base. A indigência está em todos os campos.

A volta dos Bush

O encontro de Barack Obama e Raúl Castro roubou a cena da VII Cúpula das Américas, que reuniu os e as chefes de estado e de governos do Continente na semana passada, no Panamá. O aperto de mãos e breve conversa dos presidentes do Estados Unidos e de Cuba teve, de fato, um significado muito maior, pois reflete alguma diferença na política ianque em relação ao resto do mundo.

Viva o Automóvel!

Membros do Ministério Público de São Paulo entraram na Justiça contra as ciclovias que estão sendo construídas pela prefeitura da capital. Dos 400 quilômetros de vias exclusivas pra bikes previstos até o fim deste ano, 235 já foram concluídos, mas as obras foram contidas pela iniciativa dos promotores que se arvoraram a gestores públicos.

Inezita velha de guerra

Ainda na década de 1960 eu comecei a formar uma discoteca pessoal, com LPs e compactos que ganhava ou conseguia comprar. Tinha muita MPB, mas o forte era o rock, de Beatles e Stones a Hendrix, Joplin e Mutantes. Mas, lá no meio, um LP de capa branca, como uma pequena foto ao centro, se destacava: era um álbum de Inezita Barroso.

Proibido ser pequeno

A cultura ocidental, da acumulação, prega a ideia do crescimento, das coisas grandes, mas no Brasil essa visão ganhou dimensão ainda mais forte na relação do ser humano com a natureza. Nas aglomerações urbanas, nos negócios, nas moradias, em tudo está cravado um estigma: é proibido ser pequeno.

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