Uma pequena nota na Folha de hoje, segunda-feira, informa que quatro das centrais sindicais reconhecidas (FS, UGT, CSB e Nova Central) irão amanhã ser recebidas pelo vice-presidente e “cobrarão menos juros e mais empregos”.
Depois dos momentosos acontecimentos dos últimos dias, com a Câmara dos Deputados em foco o tempo todo, a cobertura hoje, segunda-feira, dos jornalões de São Paulo me pareceu contida.
Escrevo hoje, sexta-feira 15 de abril e até domingo haverá muita negociação republicana sobre os votos dos deputados; o jogo ainda não foi jogado. A mídia, no entanto, já dá como certo o resultado da votação, discute a composição do novo governo (mesmo que a sua efetivação não seja imediata) e tenta criar, junto com Eduardo Cunha, o efeito manada. Para mascarar a artificialidade do processo há que respeitar os rituais e embotar o fio dos cortes da Lava-Jato.
Na sexta-feira, 8 de abril, os três grandes jornais de São Paulo publicaram, como matéria paga, um manifesto assinado por 17 dirigentes sindicais importantes e representativos.
A luta contra a recessão sempre foi dura. É defensiva ao extremo e as parcas vitórias merecem a comemoração em dobro. Cada emprego poupado, cada ganho de salário, cada direito validado merecem medalha.
Em momentos como o que vive a nacionalidade brasileira avolumam-se análises apressadas, enviesadas e emotivas sobre a situação e também sobre os protagonistas, sejam indivíduos, instituições, partidos e movimentos.
Acumulam-se as evidências da severa e prolongada recessão na economia brasileira com seus efeitos nefastos na renda dos trabalhadores e no emprego, embora não homogênea em seus desdobramentos.
Não tenho muita intimidade com o computador. Sou um usuário tímido e inseguro. Às vezes, quando ele travava eu fazia um “reboot”, ou seja, tirava da tomada e tornava a ligar para ver se ele voltava a funcionar. Um técnico me advertiu que um “reboot”, que às vezes é miraculoso, pode também danificar a máquina e eliminar programas importantes. Passei a ficar cabreiro com o “reboot”.
Em 1964, logo depois do comício da Central do Brasil, em 13 de março, Carlos Lacerda, o grande agitador político da direita, o apelidou de “comício das lavadeiras”, porque, segundo ele, havia apenas tanques e trouxas (os tanques eram os do famoso e ineficiente “dispositivo militar” de Jango, já que o comício era bem perto do Ministério da Guerra, no Rio de Janeiro e as “trouxas” eram os janguistas).
Com a divulgação dos números assustadores referentes à queda do PIB brasileiro em 2015 e com a confirmação dos dados gerais que indicam tal retrocesso até agora, torna-se cada vez mais urgente e necessária a luta pela retomada do desenvolvimento, já que a recessão não é natural nem eterna.
A luta do movimento sindical e de seus aliados contra a reforma da Previdência será longa e difícil. Exatamente por isso deve-se travá-la com grande conhecimento de causa das investidas anteriores contra o sistema público de aposentadorias e de benefícios, dos exageros, das falsificações e das mentiras sobre a “crise” da Previdência e das experiências de luta em outros países, com êxitos e derrotas.
O artigo de André Singer na Folha de S. Paulo do último sábado explicou o inevitável conflito de classes entre trabalhadores e empresários nas discussões sobre a Previdência e enfatizou as dificuldades criadas por esta disputa nos rumos da aliança produtivista entre capital e trabalho, ou seja, nos rumos do Compromisso pelo Desenvolvimento.