A posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República mereceu um ruidoso consenso por parte da mídia empresarial e das lideranças conservadoras do mundo político e econômico-financeiro.
O ano de 2018 chega ao fim com fortes sinais de alerta à consciência da humanidade, tão assombrosas são as ameaças à sua própria sobrevivência.
Há uma tradição na esquerda que, mesmo suscetível a controvérsias e à acusação de “stalinismo”, tem valor atual, tanto quanto a cor vermelha dos partidos que compõem este campo político.
Nicolás Maduro não fez uma bravata quando denunciou os atos de ingerência e ameaças de intervenção do assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton. É preciso levá-los a sério, como também os alertas sobre os elos existentes entre esse representante dos falcões do imperialismo estadunidense e a direita latino-americana, nomeadamente o governo colombiano e o presidente eleito do Brasil.
Na semana em que se comemora o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a campanha nacional e internacional pela libertação do presidente Lula da prisão política a que foi injustamente condenado ganhou projeção, amplitude, intensidade e força.
Há grande expectativa nas fileiras comunistas sobre os destinos da luta do povo brasileiro por democracia, soberania nacional, progresso social, a realização do plano nacional de desenvolvimento – bandeiras amplas de luta constantes do programa do Partido Comunista do Brasil.
A oposição ao governo de extrema-direita e a constituição de uma ampla frente pela democracia são as ações indispensáveis e inadiáveis para todos os que têm compromisso com os destinos da nação. Mas os primeiros sinais do momento pós-eleitoral parecem indicar que o caminho a percorrer será sinuoso.
Enquanto a mídia entretém a opinião pública especulando com vazamentos sobre nomeações de futuros ministros e o próprio núcleo da equipe de transição espanta o país com declarações desencontradas acerca de diferentes temas – numa prévia do que poderá vir a ser o governo de direita sob a presidência do ex-capitão Bolsonaro – a população estarrecida sente os efeitos do agravamento da situação do país e começa a sobressaltar-se com a incerteza sobre o futuro.
Jair Bolsonaro não obteve os votos senão de um terço do eleitorado brasileiro. Seu triunfo eleitoral foi alcançado no quadro de eleições politicamente fraudadas, nos marcos de um regime golpista, à custa de mentiras, manipulações e de uma inaudita guerra midiática e política, conjugada com uma cruel perseguição judicial inédita no Brasil – e quiçá também alhures – contra um partido político, como a que foi feita contra o Partido dos Trabalhadores e seu líder máximo, o presidente Lula.
Os fatos do último fim de semana são bastante esclarecedores sobre a deriva direitista que pode ocorrer no Brasil.
Alguém em sã consciência e honestidade de propósitos duvida de que foi uma vitória Fernando Haddad se qualificar para o segundo turno com 31.342.005 votos, no quadro de uma luta desigual?
Até o dia 7 de outubro sempre se poderá dizer que é muito cedo para fazer prognósticos, que fatos novos podem sobrevir e alterar o quadro apontado pelas pesquisas. Efetivamente, a incerteza seguirá e, caso haja segundo turno, também durante três longas semanas mais.