Uma velha amiga me confidencia que, quando muito jovem, sonhava em poder dormir até mais tarde sem precisar levar as crianças à escola, no início da manhã.
Ariano Suassuna dizia que quando ouvia alguém negar a distinção entre direita e esquerda, logo reconhecia no declarante um ex-militante de esquerda.
Em geral — em situação de crise, sobretudo — não há solução fácil na luta política. Nem a salvo de riscos.
Vem de Engels a consideração de que o embate de ideias configura um terreno específico da luta de classes, articulado e em paralelo às demais frentes de luta, social e política que se desenrolam cotidianamente.
Programático tanto no sentido de que é preciso ir mais a fundo na devida consideração do drama que o país atravessa, como na formulação de alternativas.
Tempo bicudo o que vivemos. Para onde você olha, mais dificuldades aparecem. Nisso há uma absurda convergência nacional.
Tempo tenebroso o que vivemos. Forças poderosas sustentam o governo frágil e desmoralizado, em favor de um programa de desmonte do Estado nacional e regressivo de conquistas e direitos.
Finda longa sequência de pequenas, mas penosas batalhas, mais uma mini reforma política se consuma. Entre mortos e feridos, um bom resultado.
1 – Por três votos a dois, o STF condenou o senador Aécio Neves a se afastar do mandato e limitou sua liberdade de ir e vir obrigando-o a permanecer em sua residência no horário noturno. Como bem assinalou o ex-deputado Haroldo Lima em artigo aqui no Vermelho, “um desrespeito aberto à Constituição e não pode ser aceita. Mostra o quanto certos setores do Judiciário, e inclusive do Supremo, estão exorbitando de suas funções, assumindo funções que não têm, usurpando funções.”
A decisão do STF de encaminhar à Câmara dos Deputados a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer e as declarações duras do deputado Rodrigo Maia, presidente em exercício, contra interferências do Planalto na disputa por parlamentares de direita ora alojados no PSB são a bola da vez no noticiário da crise.
Quando tudo conspira contra não é fácil identificar o problema principal. Assim ocorre agora com o ilegítimo governo Temer.
As intrigantes revelações a propósito do comportamento supostamente inadequado do procurador Marcelo Müller, que teria trabalhado simultaneamente dos dois lados do balcão no acordo de delação premiada dos irmãos Batista, da JBS, não apenas têm consequências corrosivas para Operação Lava Jato.