Na luta política, há fatos que, embora previsíveis, quando consumados têm o dom de acirrar todas as contradições.
Analistas de variadas tendências têm a percepção comum de que Michel Temer se converteu no ponto nodal de duas tendências possíveis no desenrolar da crise: o avanço da regressão neoliberal ou a sua interrupção.
Quando uma sociedade perde a perspectiva sacrifica em primeiro lugar o projeto de nação.
O PSDB decidiu permanecer no governo, mas nem tanto. Temer se apoia no PSDB, mas nem tanto… Como se dizia antigamente, tudo "meia sola".
O lançamento da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já e a convocação de nova paralisação geral para o próximo dia 30 são lances de uma batalha de grande dimensão – por uma saída política para a crise -, que se depara com muitos obstáculos.
Vozes as mais diversas, incluindo gente conservadora, reconhecem que um pleito direto agora para suprir a vacância da presidência da República, pós-queda de Temer, "arejaria" a árida cena política nacional.
Na história das sociedades há fenômenos que, recorrentes, ganham status de lei objetiva – ou seja, se incorporam definitivamente às peculiaridades do povo e da nação.
A fragilidade dos partidos políticos no Brasil não é fenômeno novo, ainda que agora agravada com a onda conservadora – acrescida das denúncias de corrupção – que traz em seu bojo a rejeição aos partidos e à atividade política.
A inquirição do ex-presidente Lula pelo juiz Sérgio Moro, ontem, para além de esclarecedora sob muitos aspectos, concentrou, em cinco horas, a essência do que se passa no país hoje.
Ainda repercute a greve geral da última sexta-feira. A paralisação propriamente dita e as passeatas.
Num cenário geral adverso, sob correlação de forças francamente favorável ao golpismo, a Câmara dos Deputados aprovou ontem a reforma trabalhista.