Hilary Clinton e Donald Trump protagonizam um vale tudo de agressões e baixarias nas eleições presidenciais daquela que a direita costuma enaltecer como "a democracia mais avançada do mundo". Nunca foi.
Não o conheço pessoalmente, ele certamente jamais ouviu falar de mim. Igual acontece entre celebridades e pessoas quase que limitadas ao seu círculo de amizades.
À primeira vista, sim; criminoso contumaz e atolado em um caldeirão de provas de corrupção, deve pagar pelos seus crimes.
Ainda teremos um segundo turno das eleições municipais em muitas cidades e será preciso cotejar todos os dados para uma análise criteriosa e objetiva dos resultados. Entretanto, já é nítida a derrota das forças situadas à esquerda, em meio ao vendaval conservador que varre do país.
A luta transformadora não se dá em linha reta, acumulando conquistas indefinidamente. Sempre está sujeita a idas e vindas, a êxitos e a retrocessos.
Como parte da correlação de forças adversa, que propiciou a consumação do impeachment da presidenta Dilma, emerge considerável dispersão entre as forças agora na oposição. Não apenas em razão da relativa fragmentação própria das eleições municipais, que configuram uma multiplicidade de alianças e projetos que põe em confronto, em âmbito local, correntes políticas que tendem a convergir em torno da questão nacional.
O jornal O Globo publicou um infográfico em que exibe a imensa multiplicidade de alianças partidárias celebradas para o pleito do próximo dia 2.
A crise e a descrença na política confluem – agora que a população desperta para o pleito municipal – para a necessidade de menos retórica e mais realidade concreta no discurso dos candidatos.
Outro dia ouvi Carlos Heitor Cony comentar uma crônica de Machado de Assis a propósito de um acidente fatal com um bonde elétrico recém-implantado no Rio de Janeiro. Machado se queixava dos riscos do novo meio de transporte, sugerindo ser preferível o bonde puxado a cavalos, que pelo menos não ameaçava os usuários com eventuais choques elétricos.
Em muitos aspectos, a campanha que agora se inicia tem muitas peculiaridades, frutos do arremedo de reforma política celebrado, ano passado, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.