Debater é preciso. Sempre. Em especial em tempo de eleições gerais, em que os destinos do país estão em causa.
Estávamos nos estertores do regime militar e se multiplicavam os debates em toda parte sobre temas da atualidade, aos quais nós do PCdoB comparecíamos com entusiasmo. Afinal, enfim se podia discutir os destinos do País e também o direito de existência legal dos partidos então proscritos.
A verdade dos fatos, no caso, está registrada em relatório da FAO intitulado “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo”, em que o Brasil ganha destaque por haver erradicado a fome, conforme critérios internacionais de análise. Segundo o documento, isto é resultante da prioridade dada pelo governo federal ao problema, apoiado num conjunto de políticas públicas que propiciaram o aumento da renda da população mais pobre, o maior acesso a alimentos e a consolidação de uma rede de proteção social.
Há quem não goste por razões estéticas ou por ingenuidade, porém fortalece a democracia a polarização entre duas candidaturas presidenciais, que se distanciam das demais em intenção de votos, segundo as mais recentes pesquisas. Isto porque aos olhos do eleitor aos poucos vão clareando as diferenças essenciais entre as principais litigantes – no caso, Dilma, do PT x Marina, da Rede, alojada temporariamente na legenda do PSB.
A disputa presidencial alcança fase nova com o movimento de placas tectônicas que coloca Dilma Rousseff e Marina Silva como principais concorrentes, enquanto o tucano Aécio Neves desce ladeira abaixo. Toma corpo, então, o confronto entre dois projetos antagônicos – ainda que a grande mídia e os arautos da oposição procurem obscurecer, reduzindo o embate às aparências, bem ao estilo da candidata da Rede, para quem o jogo de palavras se converte em pedra de toque do seu discurso.
Um momento privilegiado da democracia, como costumam afirmar os candidatos participantes de debates, como o da Band, terça-feira última? Nem tanto, porque o formato que adotam serve para muitas coisas, menos para a clara explicitação do conteúdo dos programas de governo – o cerne da diferenciação entre os diversos postulantes.
Uma semana, a que passou, de consternação pela trágica e prematura morte de Eduardo Campos, sob o turbilhão de sensações, lembranças e impressões sobre o sentido da vida e da luta que travamos.
Esse “&” está muito bem posto: não há contradição antagônica entre a campanha eleitoral através do TV, do rádio e da internet e a mobilização do povo nas ruas. São complementares. E, quando bem articuladas, potencializam as condições de vitória.
Eleição é guerra, bem sabemos. E como toda guerra, pressupõe o uso de múltiplas armas e formas de luta. Mas nem tudo é válido, nem eficaz.
Outro dia, um importante empresário europeu comentou aqui no Recife a absoluta discrepância entre o olhar estrangeiro (dos investidores, sobretudo) acerca da cena brasileira e a visão predominante na mídia tupiniquim.
Ariano Vilar Suassuna – teatrólogo, romancista, poeta, pintor, gravador, desenhista, professor – completou 80 anos a 16 de junho passado, “bem disposto, bem-humorado e animoso”, homenageado por gente e instituições de diversos lugares, sempre saudado como clássico da cultura brasileira.
Sim, com um olho na reza e o outro no padre, como ensina a sabedoria popular – no sentido de que é preciso estarmos atentos a dois problemas ao mesmo tempo. Ou a duas ordens de questões. No caso, aos problemas de ordem local ou regional e ao projeto de País, temas obrigatórios e necessariamente entrecruzados na atual campanha eleitoral. Ou seja, no discurso dos candidatos.