Esse “&” está muito bem posto: não há contradição antagônica entre a campanha eleitoral através do TV, do rádio e da internet e a mobilização do povo nas ruas. São complementares. E, quando bem articuladas, potencializam as condições de vitória.
Eleição é guerra, bem sabemos. E como toda guerra, pressupõe o uso de múltiplas armas e formas de luta. Mas nem tudo é válido, nem eficaz.
Outro dia, um importante empresário europeu comentou aqui no Recife a absoluta discrepância entre o olhar estrangeiro (dos investidores, sobretudo) acerca da cena brasileira e a visão predominante na mídia tupiniquim.
Ariano Vilar Suassuna – teatrólogo, romancista, poeta, pintor, gravador, desenhista, professor – completou 80 anos a 16 de junho passado, “bem disposto, bem-humorado e animoso”, homenageado por gente e instituições de diversos lugares, sempre saudado como clássico da cultura brasileira.
Sim, com um olho na reza e o outro no padre, como ensina a sabedoria popular – no sentido de que é preciso estarmos atentos a dois problemas ao mesmo tempo. Ou a duas ordens de questões. No caso, aos problemas de ordem local ou regional e ao projeto de País, temas obrigatórios e necessariamente entrecruzados na atual campanha eleitoral. Ou seja, no discurso dos candidatos.
Preferia não escrever agora sobre o assunto, mas um desabafo pelo menos cabe: como é difícil encarar a derrota!
Parece incrível, mas é fato. Em meio à grande festa nacional em que se converteu a Copa do Mundo e às expectativas apaixonadas dos brasileiros quanto às chances de levarmos a taça, há quem torça contra. A maioria dos que praticam esse antipatriotismo de ocasião se mantém na moita, mas não são poucos os que abrem o jogo: o receio de que, vitoriosa, a seleção canarinho termine contribuindo para uma provável vitória de Dilma nas eleições de outubro.
Comparações em geral são frágeis, quando se trata de fenômenos muito distintos, submetidos a uma gama de variáveis próprias. O evolver da situação política em diferentes países, por exemplo, quase sempre envolve elementos de essência que guardam distância de anos luz entre si, a começar da formação histórica, econômica social, cultural de cada um. “Na China é assim, bem que poderia ser aqui também…”, não tem nada a ver.
Na TV, uma enxurrada de reportagens sobre a Copa do Mundo – todas as Copas. Revividas, revistas e reinterpretadas por mil ângulos. Dados curiosos, informações preciosas sobre craques do passado e os destaques de cada time atual – e todos os têm, até as menos expressivas seleções, em geral atletas que prestam seus serviços em campeonatos europeus.
Literalmente derrubado por severa virose, eis que encontro tempo, e disposição, para ver TV – e me deparo com uma brusca mudança no conteúdo das pautas jornalísticas. O noticiário e programas de amenidades dedicam tempo quase exclusivo à Copa do Mundo.
Refiro-me ao Programa em dois sentidos: como instrumento de convergência e unidade nas coalizões partidárias celebradas em torno das candidaturas presidenciais e para os governos estaduais; e como diferencial da intervenção do PCdoB na cena política.
Li agora que em vários lugares formam-se animadas concentrações de colecionadores de um álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Gente de todas as idades, muitos adultos de cabelos grisalhos – bendita nostalgia – dão-se ao prazer do troca a troca.