Sim e não. Completo, não; em construção, sim. Dada assim de modo aparentemente simplista, a resposta na verdade pretende chamar a atenção para dois conceitos que permeiam nossa análise acerca do ciclo de transformações em curso no País a partir do primeiro governo Lula e que tem continuidade na atual gestão da presidenta Dilma. Refiro-me aos conceitos de transição e correlação de forças.
Com a devida vênia dos especialistas em pesquisas eleitorais – que têm o meu respeito -, arrisco dizer que transferir voto no Brasil é coisa para poucos. Ou para ninguém.
Passado o prazo limite para filiações partidárias tendo em vista o pleito de 2014, inicia-se a fase pré-eleitoral propriamente dita. Daqui até junho próximo (data das convenções partidárias), exatos oito meses, entram em cena, em ritmo ora acelerado, ora lento, mas progressivo, o conjunto das variáveis que conformarão o cenário da disputa presidencial e, nos estados, dos governos locais.
Questiona-se a ampliação do número de partidos legalmente constituídos no Brasil, sem entretanto ir às raízes da fragilidade do sistema partidário brasileiro e, assim, à necessidade de uma reforma política efetivamente democrática.
De Lula em diante, na década em curso, o Estado restabeleceu, em grande medida, o papel de indutor do crescimento econômico. De muitas formas, entre as quais manobras fiscais que, embora reduzida temporariamente a receita tributária, proporcionaram a manutenção das atividades econômicas em nível satisfatório – no ambiente de crise global – e taxa de desemprego equivalente ao pleno emprego. Uma mão lava a outra.
Em política, ter força é fundamental. Óbvio. Mas é preciso jeito para o bom uso da força. Vale para quem governa e para quem se coloca na oposição.
Recentemente, a presidenta Dilma sofreu queda significativa nas pesquisas – coincidindo com o surto de manifestações populares de junho. Agora, sondagens Vox Populi e CNI/MDA assinalam, ambas, retomada importante dos percentuais de regular, bom e ótimo. Ou seja, o saldo volta a ser positivo, num crescendo. Tanto a avaliação da presidenta, como a do governo e as possibilidades eleitorais.
No ônibus que transporta os passageiros da pista do aeroporto à entrada do setor de desembarque, em Brasília, o jovem me oferece, respeitosamente, o assento. Recuso agradecido. Ele insiste. Volto a recusar. Ele então dispara o argumento definitivo: – Faço questão, senhor, sempre cedo o lugar aos idosos
Desde junho, há uma nova situação política no País. Eclodiram manifestações de rua de certa envergadura, que se desdobram em inúmeras lutas setoriais e localizadas; a oposição partidária e midiática se assanhou; setores conservadores da base governista passaram a ensaiar a dissensão. Ao que se acrescenta o desgaste momentâneo do governo e da presidenta Dilma, pondo em risco o resultado do pleito vindouro.
O modo de encarar a vida tem muito de subjetivo e, claro uma boa dose de realidade concreta. Feito o primo adolescente que respondeu a uma observação minha acerca do seu estado de espírito – “Você parece em dificuldades” – de modo a não deixar dúvidas: ”Pareço, não; estou!”
“- O fato social sempre se antecipa ao fato jurídico”, respondeu de pronto, com a convicção de quem trabalha com os pés no chão e visão de futuro, o vereador George Câmara (PCdoB), ao ser indagado pelo repórter Diógenes Dantas, da Rádio 96 FM, de Natal, sobre os possíveis resultados do seminário “Construindo a agenda metropolitana”.
Em debate a evolução do Brasil na última década, sob governos encabeçados pelo partido dos Trabalhadores – Lula e agora Dilma. Na oposição e mesmo entre as correntes aliadas, via de regra se tem cometido três equívocos.