Os dados são de pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), mas certamente refletem a realidade de todo o país. “Quase metade dos médicos receita o que a fábrica indica. Quatro em cada cinco médicos recebem visita de fabricantes; desses, 48% indicam remédios sugeridos pela indústria”- assinala a manchete e o lead de extensa reportagem publicada pela Folha de S. Paulo sobre o assunto.
Sempre é tempo – para amar, para retornar aos bancos escolares, para corrigir erros e tudo o que se possa imaginar e viver na vida. Nossa relação com a variável tempo é quase um fetiche.
Dias atrás, manuseando recortes de jornal, encontro em artigo na Folha de S. Paulo, essa pérola de acomodamento ao status quo em matéria de legislação eleitoral e partidária: “As elites empresariais só deveriam financiar e apoiar candidatos com ficha limpa. Elas precisam compatibilizar discurso e prática.”
Parece que agora a novela chegará ao capítulo final: o senador Jarbas Vasconcelos, ao que tudo indica anunciará nesta quinta-feira sua candidatura a governador de Pernambuco. Para as forças oposicionistas, menos mal, pois “agora tem jogo” – para usar a expressão de um pré-candidato a deputado federal pelo Democratas.
O mote é a decisão da direção nacional do PSB, que anteontem retirou a pré-candidatura do deputado Ciro Gomes à presidência da República. Mas não é sobre as razões estritamente partidárias, digamos assim, a que me refiro. Afinal, integrante de outra corrente política, não cabe a esse modesto escriba imiscuir-se em assuntos internos da agremiação aliada. Cada macaco em seu galho.
Estava lá e vi. Quem quiser poderá confirmar em vídeo. O presidente Lula não atacou, nem de longe, o Judiciário em seu pronunciamento no ato público realizado pelo PCdoB em apoio à pré-candidatura da ex-ministra Dilma Roussef à presidência da República, dia 8, em Brasília.
Num ato público destinado a lançar as teses do penúltimo congresso do PCdoB, no Recife, alguns anos atrás, o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, dirigindo-se aos muitos representantes de outros partidos presentes, afirmou que para os comunistas aliança é uma categoria política de nível superior: concertamos acordos em torno de propostas programáticas e as defendemos de maneira sincera e acima de tudo leal em qualquer circunstância.
Numa fase pré-eleitoral, Miguel Arraes preparava-se para disputar pela terceira vez as eleições para o governo de Pernambuco – que venceria – e insistiu para que eu presenciasse um encontro que teria com a direção estadual do PT, na ocasião representada pelo então deputado estadual João Paulo e mais doze militantes. A conversa girou em torno de critérios para a composição da chapa majoritária, o PT manifestando o desejo de indicar um dos seus quadros para o cargo de vice-governador.
O ótimo deveria ser bom para todos. Simples? Claro que não. Mas bem que se essa idéia prevalecesse na ocupação e uso do território da cidade muitos equívocos poderiam ser evitados – tanto em intervenções urbanísticas de responsabilidade do poder local, como em empreendimentos privados. No entanto, há sempre a incidência de um conjunto de variáveis que via de regra coloca em pólos opostos a reprodução do capital versus o direito de todos à cidade saudável.
Vejam essa manchete do Jornal do Commercio (do Recife): ‘O “protesto chapa-branca” da UNE’. Em boa técnica jornalística, “protesto” e “chapa-branca” aí estão como convite ao leitor, pelo contraditório, a formar antecipadamente um juízo de valor depreciativo sobre a União Nacional dos Estudantes e o evento ocorrido na tarde da última terça-feira na capital pernambucana.
Lá pelo início dos anos 70, circulando pela região em trabalho político clandestino, sentia-me de certo modo incomodado quando um ou outro simpatizante que nos abrigava em sua casa (correndo riscos) me perguntava sobre o que pretendia mesmo o PCdoB. De pronto em falava em derrubar a ditadura militar, mas em seguida vinha a pergunta embaraçosa: “E depois, o que vocês querem fazer com o país?”