Niemeyer, o Brasil e o mundo

Esta semana será de intensas comemorações — que já vêm se dando ao longo deste ano de 2007 – dos cem anos de nosso arquiteto maior, Oscar Niemeyer. Equipes de televisão e rádio, jornais e revistas do mundo inteiro se revezam em visitas diárias ao seu escritório da Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, criando problemas para a sua rotina. “Não consigo trabalhar, são tantos jornalistas querendo falar comigo, mas procuro desviar do assunto arquitetura, e falo da vida, da luta política, isso que é importante”, dizia ele à revista Princípios numa destas entrevistas. Niemeyer chega todo dia às 10h30 para o trabalho. Atualmente desenvolve três projetos, dos quais o que mais o estimula é o do Centro Cultural Oscar Niemeyer – Avilés – na Espanha.


 



 
Em relação ao Brasil, Niemeyer considera que o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem se mostrado a favor do povo, contra a miséria, a violência e, principalmente, contra o intervencionismo norte-americano. Sobre a perspectiva futura, declarou por e-mail ao caderno Mais da Folha de S.Paulo que ”prefere pensar que um dia a vida será mais justa, que os homens não se olharão a procurar defeitos uns dos outros, como tantas vezes acontece. Que, ao contrário, haverá sempre a idéia de que em todos há um lado bom, uma dada qualidade a destacar (Lênin dizia que 10% de ualidades já seriam suficientes). Nesse dia, será com prazer que um procurará ajudar o outro. É a solidariedade – que ainda não existe, de um modo geral – a prevalecer”.


 


 


Niemeyer nasceu em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Logo em 1934 formou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes e em 1935 começa a trabalhar no escritório de Lúcio Costa. Em 1936 conhece o renomado arquiteto Le Corbusier, com quem trabalhou em 1947 no projeto da sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos EUA. Em 1940, a convite do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, projeta o cassino, a Casa do Baile, o clube e a igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, na capital mineira. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista do Brasil, com a sigla PCB. Em 1951 projeta o Ibirapuera e o prédio Copan, no centro de São Paulo. Em 1955 funda a revista “Módulo”, especializada em arquitetura no Rio de Janeiro. Em 1956 organiza o concurso para a escolha do plano piloto de Brasília, finalmente vencido por Lúcio Costa. Em 30 de junho de 1958 inaugura o Palácio da Alvorada, primeiro edifício brasiliense. Em 1963 Oscar Niemeyer recebe o Prêmio Lênin internacional em favor da paz mundial. Em 1968 projeta a sede da editora italiana Mondadori.


 


 


A partir de 1972, Niemeyer abre um escritório em Paris, na França. Em 1983 projeta o espaço público do Sambódromo no Rio de Janeiro. Em 1988 recebe o prêmio Pritzker, uma espécie de prêmio Nobel da arquitetura. Em 1989 inaugura o conjunto arquitetônico do Memorial da América Latina, numa iniciativa do Governo Orestes Quércia em São Paulo. Em 1991 projeta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ). Em 2003 inicia a construção do auditório do Parque do Ibirapuera, em São Paulo e em 2006 inaugura o Museu Nacional Honestino Guimarães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, que completam o Complexo Cultural da República, previsto pelo projeto de Brasília dos anos 50. Tem espalhadas pelo mundo dezenas de obras das quais as mais significativas são a mesquita de Argel, na Argélia, a sede do Partido Comunista Francês e a do jornal L'Humanité, a praça da cidade portuária de Le Havre, na França, entre outras. A vida de Oscar Niemeyer tem sido um exemplo de excelência em sua arte, e ao mesmo tempo de compromisso militante em prol de uma sociedade mais justa e do socialismo.