Sem força política, oposição usa tática golpista na Venezuela

Desde a semana passada se intensificaram as tentativas de golpe de Estado perpetradas pela oposição na Venezuela, que por meio […]

Desde a semana passada se intensificaram as tentativas de golpe de Estado perpetradas pela oposição na Venezuela, que por meio de uma campanha intitulada “A Saída” ataca o presidente Nicolás Maduro exigindo sua deposição ou renúncia. A extrema direita do país vem se apropriando de maneira perigosa do discurso democrático, mascarando a sua verdadeira face autoritária. Essa falsificação conta com apoio dos meios de comunicação internacionais, que ajudam a difundir as calúnias estrategicamente montadas para provocar agitação.

O que se pode constatar é que há um novo padrão de intervenção da direita na América Latina e o que está acontecendo na Venezuela é a aplicação desta tática de desestabilização, uma vez que a oposição não tem força política suficiente para enfrentar os governos de esquerda de forma democrática.

Os Estados Unidos e as direitas locais não suportam mais dez anos de governos progressistas e anti-imperialistas na América Latina. E o que acontece na Venezuela é reflexo do desespero da oposição e das forças ultradireitistas que não têm apoio popular suficiente para vencer o chavismo em eleições limpas. Sem alternativa, “a saída” é descontextualizar a democracia para confundir o povo.

Os opositores criticam o governo que instituiu uma gestão de ligação direta com as massas para encontrar soluções criativas. Sendo assim, um governo que favorece o povo em detrimento das elites, combate a especulação financeira, mantém os esforços pela integração latino-americana, impulsiona novas relações através da Alba, do Mercosul, da Unasul e da Celac, não é considerado democrático pela direita venezuelana.

Está aí o risco, pois não se sabe ao certo qual é a proposta destes que querem derrubar Maduro. Vale então questionar quais são as reais intenções desse movimento que ganha cada vez mais adeptos na Venezuela. Também é importante conhecer o perfil e ponderar o histórico daquele que está à frente destas manifestações.

A principal figura da ala mais radical da direita venezuelana é Leopoldo López, que foi detido na manhã da última terça-feira (18), em Caracas, por ser considerado o responsável por incitar a violência das manifestações que deixaram um saldo trágico de quatro mortes e dezenas de feridos. Ele, mais do que qualquer outro opositor, conhece e tem fortes ligações nos Estados Unidos, onde morou, estudou e se formou em política. López apoiou Henrique Capriles contra Chávez e contra Maduro nas eleições presidenciais, mas diante das fracassadas tentativas, resolveu assumir uma postura mais agressiva.

Contudo, essa mudança de tática não convence os seguidores do chavismo, que se mantêm firmes e convictos no legado da Revolução Bolivariana e seguem apoiando Nicolás Maduro, como é possível constatar nas manifestações convocadas pelo governo recentemente. Nicolás Maduro mostra que tem força política e que ela não será abalada com tanta facilidade. O presidente é contundente nos objetivos de independência política, econômica e financeira, na busca pela consolidação do socialismo.

Um golpe de Estado na Venezuela não seria uma perda apenas para o povo venezuelano, herdeiro de Hugo Chávez, de José Martí e Simón Bolívar. Significaria também uma ruptura do processo de integração da América Latina, que hoje se consolida como um polo das forças progressistas na luta contra a dominação imperialista e a favor da autodeterminação dos povos, da paz e da justiça.

Sendo assim, é preciso defender a democracia venezuelana, bem como os governos eleitos de forma legítima. Mais do que nunca, devemos unir forças na denúncia contra o fascismo golpista, que tenta desmoralizar e desmantelar as estruturas sólidas que os governos de esquerda conseguiram construir em nosso continente.