Depois do longo período de ditaduras militares, a América Latina vive ciclos de instabilidade política por meio de impeachments, deposições ou renúncias forçadas, muitas vezes provocados por escândalos de corrupção e crises econômicas. Além de Dilma Rousseff, cujo impeachment foi confirmado nesta quarta-feira (31) pelo Senado, outros 15 presidentes latino-americanos eleitos não conseguiram terminar o seu mandato desde 1990.
Um dia depois da consolidação do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (1º/9), o governo da Colômbia emitiu uma nota oficial onde destaca o importante papel da presidenta para o desenvolvimento regional da América Latina e afirma que pretende “continuar trabalhando com o país irmão”.
O ex-presidente e atual senador do Uruguai, José Mujica, afirmou nesta quarta-feira (30), que Dilma Rousseff foi destituída porque não cedeu às pressões para proteger os políticos brasileiros acusados de corrupção. A afirmação foi feita em um evento realizado em Montevideo, no fim da tarde, que, entre outras pautas, repudiou o golpe no Brasil.
Depois da aprovação do impeachment no Brasil, a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, manifestou solidariedade a Dilma Rousseff. “A América do Sul é outra vez laboratório da direita mais extrema”, afirmou, em referência às experiências anteriores dos setores reacionários no poder, como foram as ditaduras militares dos anos 60 a 80 e os governos neoliberais dos anos 90.
Como era de esperar, o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff não será bem visto aos olhos do mundo. A Venezuela já é o terceiro país que anuncia retirar seu embaixador do Brasil em rechaço ao ataque contra a democracia consolidado nesta terça-feira (31) – os outros dois são Equador e Bolívia. O presidente Nicolás Maduro qualificou o processo de impeachment como um “golpe oligárquico da direita”.
Logo depois que o golpe de Estado foi consolidado contra Dilma Rousseff, o governo de Cuba emitiu uma nota em rechaço à deposição da presidenta e em solidariedade ao povo brasileiro e à esquerda.
O presidente do Equador, Rafael Correa, já anunciou que vai convocar o embaixador equatoriano do Brasil para consultas. O anúncio foi feito minutos depois da consolidação do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, através de sua conta no Twitter.
Um artigo publicado nesta quarta-feira (31) pelo jornal mexicano La Jornada afirma que o processo de impeachment de Dilma Rousseff é “um novo crime contra a democracia”, cometido por um Senado que tenta esconder “a vergonha de sua traição”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que há uma "investida imperialista" contra a presidente brasileira afastada, Dilma Rousseff, e contra outros líderes da América Latina e convocou simpatizantes à “resistência”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou em sua conta no Twitter que, caso o golpe contra Dilma Rousseff se consolide, vai retirar seu embaixador, José Kinn, do Brasil por não reconhecer o processo de destituição da presidenta. Explicou que a medida se dá porque seu país defende “a democracia e a paz”.
No marco da jornada mundial para denunciar o processo de destituição de Dilma Rousseff impulsionado pela direita parlamentar brasileira, a cidade de Buenos Aires foi cenário de uma extensa jornada de luta na madrugada desta segunda-feira (30). Os argentinos passaram a noite em barracas, em vigília pela democracia no Brasil.
A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Se é negra, jovem e pobre tem mais possibilidades de sofrer uma agressão. Os estudos de Antropologia deram um título a estes dados: cultura de estupro.
Por Martin Granovsky*