Base aliada aprova manobra regimental para garantir privatização de seis distribuidoras. Oposição repudia estratégia.
Nesta terça-feira (12), lideranças políticas e movimentos sociais promovem ações nas redes sociais para denunciar o desmonte do planejamento energético nacional e evitar a alteração da política de preços acessíveis ao consumidor de baixa renda.
Por Iberê Lopes
A Enel Brasil Investimentos Sudeste S.A., braço da elétrica italiana Enel, fechou nesta segunda (4) a compra de mais de 73,38% das ações da Eletropaulo Metropolitana de São Paulo (Eletropaulo). Assim, a maior distribuidora de energia do país passará a ser controlada por estrangeiros, sem a devida preocupação com a soberania nacional.
Enquanto o discurso oficial é de que o Brasil saiu da crise rumo ao crescimento, o economista João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) usa a imagem de um homem no fundo do poço: "Ele dá uns saltos, mas continua lá". Com isso, Sicsú procura demonstrar que o país segue em crise "e nada indica que a gente viva uma verdadeira recuperação". E identifica um período ainda pior, de depressão.
No momento em que o governo tenta aprovar no Congresso a privatização da Eletrobras, ao menos treze estados da região Norte e Nordeste ficaram sem fornecimento de energia elétrica na tarde desta quarta-feira (21). O "apagão", cujas causas ainda não foram esclarecidas, teve início por volta das 15h50 e atingiu Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Piauí, Sergipe, Ceará, Maranhão, Amazonas, Pará, Amapá e Tocantins.
Em bate papo no programa Leo ao quadrado, com jornalistas Leonardo Attuch e Leonardo Stoppa da TV 247, o engenheiro eletricista, Ikaro Chaves que é diretor do STIU/DF e trabalha na Eletrobras (Eletronorte), comenta sobre o setor energético brasileiro e a grande negociata que está sendo armada para privatizar a Eletrobras. Para ele, a estatal de energia brasileira é mais uma das faturas cobrada pelos golpistas. Confira no vídeo sua argumentação.
Com apoio da elite do empresariado, liderado pela Fiesp (Federação das indústria de São Paulo), foi lançada a campanha "Não Vou Pagar o Pato", iniciada em 3 de setembro de 2015, pelo presidente da entidade Paulo Skaf (PMDB-SP). Era uma campanha para insuflar o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, sob a fachada de ser contra o aumento de impostos.
Foi lançada nesta terça-feira (31) a Frente Parlamentar Mista em Defesa de Furnas, que já conta com as assinaturas de mais de 260 parlamentares, governistas e da oposição.
O que já é caro vai ficar pior. A taxa extra cobrada nas contas de luz dos brasileiros quando for acionada a bandeira tarifária vermelha nível 2, como acontece neste mês, passará a ser de R$ 5 a cada 100 kWh (kilowatts-hora) consumidos. Até então, a cobrança era de 3,50 a cada 100 kWh. Significa um aumento de 43% de uma só vez.
O deputado Patrus Ananias (PT-MG) publicou artigo em que rechaça a política de entrega do patrimônio nacional com privatização do setor elétrico à iniciativa privada, especificamente da Cemig.
Para insuflar o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, a direita conservadora usava o preço da gasolina e da conta de luz como supostas demostrações de que o governo não tinha condições de se manter no poder.
A Comissão de Constituição e Justiça, da Câmara dos Deputados, abriu caminho na quinta-feira (28) para que o Legislativo torne sem efeito o leilão de quatro usinas hidrelétricas da Cemig, realizado na véspera. A avaliação é do deputado federal Patrus Ananias (PT-MG).