Cerca de 22,6 milhões de pessoas que foram contempladas com o auxílio emergencial em 2020 não serão beneficiadas neste ano
Preços dos alimentos sobem três vezes mais que a inflação dos últimos 12 meses, maior alta nos últimos 18 anos, mas os reajustes salariais médios ficaram negativos em média 0,53%.
Em novembro de 2020, houve alta na variação média de preços em 19 das 24 atividades analisadas em comparação com o mês anterior.
Os chamados “preços controlados pelo governo” (fator de alívio para a inflação na maior parte de 2020) voltarão a pesar no bolso dos brasileiros no ano que vem
O grupo alimentação e bebidas acumula alta de 12,12% no ano. Em novembro, registraram alta itens como carnes (4,89%), arroz (8,29%) e batata inglesa (33,37%).
As maiores variações foram registradas para o óleo de soja, que subiu 27,54%, e o arroz, que aumentou 17,98%. No ano, esses produtos acumulam alta de 51,3% e 40,69%, respectivamente.
Os itens que mais pesaram no bolso das famílias de baixa renda no mês passado foram saúde, educação e lazer (variação positiva de 2,44%) e alimentação (alta de 2,23%).
Como chegamos a esse cenário de absoluta calamidade de soberania alimentar, com preços nas alturas, num país que no senso comum é o “celeiro do mundo” e onde “tudo em se plantando, dá”?
Em 2017-2018, o nível de segurança alimentar dos domicílios caiu abaixo do nível registrado em 2004.
Segundo ministro da Economia do governo Bolsonaro, auxílio emergencial de R$ 600 causou “enxurrada de dinheiro”.
O aumento súbito do preço do arroz deveria promover um debate mais amplo sobre o papel da política pública na produção e consumo de alimentos de qualidade, variados, a preços acessíveis e estáveis, fundamental para se alcançar a soberania alimentar.
Inflação dos grupos mais pobres registrou variação positiva de 3,2%, enquanto a das famílias de maior poder aquisitivo ficou em 1,5%, segundo dados do Ipea.