O presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Manuel Bandeira, evitou reconhecer nesta quarta (11) – em depoimento à Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) – a existência de um cartel entre as empresas que participaram de licitações da companhia.
O presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputado estadual Alencar Santana (PT), qualifica como muito importante o depoimento do presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Manoel Rodrigues Seabra Bandeira, nesta quarta-feira (11), para prestar esclarecimentos sobre o pagamento de propinas e formação de cartel nas licitações do Metrô e da CPTM.
O presidente do Metrô de São Paulo, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, que assumiu o cargo há pouco mais de dois meses, admitiu nesta quarta (4) a existência de cartel (acordo ilegal, firmado entre empresas para evitar a concorrência e elevar preços de produtos e serviços) e falou que não teve interesse em ler as denúncias sobre o Metrô. “Nunca tive acesso a essa documentação. E não tive curiosidade”, disse Pacheco, acrescentando que a documentação envolvendo o Metrô tem 1,6 mil páginas.
Um protesto contra o chamado propinoduto tucano tomou conta das ruas da capital paulista na manhã desta quarta-feira (4). pelo menos três mil manifestantes se reuniram por volta das 11h30 na Marginal Tietê. Além de exigirem investigação do cartel e instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, eles defendem transporte público de qualidade e mais barato.
Para oposição, proposta é um modo de abafar o caso do “propinoduto tucano” e, pior, corre o risco de ser aprovada.
A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e no Congresso Nacional coleta assinaturas para criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso Siemens, ainda neste ano. No Congresso, metade das assinaturas necessárias foi registrada em apenas um dia. Já na Alesp, a bancada conta com as 26 anunciadas no início de agosto e dialoga com partidos da base para anular a pressão do governo paulista.
Uma conta bancária aberta no paraíso fiscal da Suíça, sob o codinome “Marília”, foi usada para movimentar as propinas que facilitaram os negócios da Siemens e da Alstom com governos do PSDB, em São Paulo. Por ela, transitaram cerca de R$ 64 milhões em propinas e os recursos foram gerenciados por homens da cozinha dos governos de Mario Covas, em São Paulo, e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Este é o tema de uma reportagem explosiva da revista semanal Istoé.
O dono do banco onde estava a conta “Marilia” – que abastecia o propinoduto da Siemens, no cartel dos trens de São Paulo – é a mesma pessoa que vendeu o apartamento adquirido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, logo que deixou a presidência. E é um veterano conselheiro de políticos.
Por Luis Nassif, no Jornal GGN
Ela se chama "Marília" e foi aberta no Leumi Private Bank, em Genebra; por ela transitaram cerca de R$ 64 milhões das propinas pagas por Siemens e Alstom no Brasil; foi também movimentada por homens da cozinha dos governos de Mario Covas, em São Paulo, e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; documentos estão em poder do Ministério da Justiça e parte dos recursos foi bloqueada por autoridades suíças; e agora: será que tucanos serão denunciados pelo Ministério Público?
No livro "A privataria tucana", o premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr. demonstra, com farta documentação, que os tucanos são craques em utilizar contas bancárias nos exterior, principalmente em paraísos fiscais. José Serra, sua filha, seu ex-genro, entre outros, são listados no best-seller, que já vendeu mais de 130 mil exemplares.
Por Altamiro Borges*, em seu Blog
O escândalo que envolve a alta cúpula do governo tucano no Estado de São Paulo ganhou, nesta sexta-feira, mais um ingrediente explosivo. Uma carta, datada de 2008, encaminhada por um funcionário da Siemens à matriz, na Alemanha, revela que a formação de cartel e um pesado esquema de corrupção, com o pagamento de propinas a funcionários públicos da confiança de governadores como José Serra e Geraldo Alckmin, não eram exclusivos da área de transportes.
Quatro contratos vigentes do Metrô de São Paulo com empresas denunciadas pela empresa Siemens por formação de cartel no sistema metroferroviário – incluindo a própria multinacional alemã – são alvo de inquérito do Ministério Público estadual. Os promotores que investigam as contratações suspeitam que o cartel, que segundo a Siemens durou de 1998 a 2008, gestões do PSDB, pode ter atuado para além do que alega a própria companhia.