Sem medir riscos, em 18 de março de 1871 os operários de Paris decidiram “tomar o céu de assalto”, escreveu Karl Marx, saudando a revolução proletária vitoriosa naquele dia numa das principais capitais europeias. Foi um acontecimento histórico “sem precedentes” (como Lênin o classificou) que durou apenas 72 dias e foi afogado em sangue pelas tropas combinadas dos exércitos francês e prussiano que, tendo vencido a guerra iniciada em 1870, ocupava o território da França.
Dos pés molhados subiu o agouro de que a agonia daria lugar à demência dos sentidos, pior que moléstia de inverno. Ramiro não tinha nada, nenhum traço no rosto indicando costume novo. Zepelin chegara. Os dois se aquentavam sob a marquise. Nos pés de Ramiro os chinelos de borracha, tão encharcados quanto a bainha da calça. No rosto, o rogo de notícias juntou-se à parecença de dor.
Por Marco Albertim*
Numa dessas madrugadas, em que se acorda no vazio, peguei-me respondendo sem querer a uma enquete de rua na TV. Era uma rua qualquer desse mundo. O repórter perguntava às pessoas se elas acreditavam em “feiticeira”.
Por João Bosco Maia*
Há vinte anos um acidente de carro tirou Gonzaguinha (1945-1991) do convívio dos brasileiros mas sua música continua inspirando mentes e corações
Por José Carlos Ruy
Rubens Ianelli pertence a uma família de artistas. Filho de Arcângelo e sobrinho de Thomaz Ianelli, duas personalidades que representam a arte moderna brasileira, Rubens iniciou-se como artista plástico na observação do trabalho do pai e inspirado pelos inúmeros encontros de artistas que iam à sua casa para frequentes macarronadas promovidas pela família.
A vida e a obra de Gabriela Mistral são magistralmente retratadas no livro Gabriela Mistral Pública e Secreta, de Volodia Teitelboin (Ediciones Blat, Santiago do Chile, 1991).
A quem confiar minha tristeza?(1)
Crepúsculo vespertino. Uma neve úmida, em grandes flocos, remoinha preguiçosa junto aos lampiões recém-acesos, cobrindo com uma camada fina e macia os telhados das casas, os dorsos dos cavalos, os ombros das pessoas, os chapéus. O cocheiro Iona Potapov está completamente branco, como um fantasma. Encolhido o mais que pode se encolher um corpo vivo, está sentado na boléia, sem se mover.
Em um breve conto, Nilton Bobato contrasta a cordialidade daqueles considerados escória da sociedade com a selvageria dos que supostamente são a fina flor.
Ele era um louco, o meu amigo Ildásio, mas eu diria, à Shakespeare, no Hamlet: “é loucura, mas tem método”. Diria mais, querendo mais dizê-lo: porém sua loucura tinha mérito. Pedro
Lyra o chamava de “O maluco”. Maluco, no seu caso, era elogio.
Por Marcus Accioly*
Tema recorrente nos escritos de Marco Albertim, Última noite no cabaré descreve com riqueza de detalhes o encontro de uma ex-cafetina com um estranho, com quem parece de alguma forma se identificar. Confira mais este conto do colunista do Vermelho e literato Marco Albertim.
Anton Tchehkov foi um dos principais escritores russos da segunda metade do século 19. Na passagem do 150º aniversário do seu nascimento (29 de janeiro de 1860), o Prosa Poesia e Arte publica o conto Angústia, de sua autoria, e Tchehkov em palavras de Gorki, de Urariano Mota.
Mahmoud Darwich (1941-2008) foi um misto de guerrilheiro, líder político, jornalista e poeta, natural de Al Birwa, pequeno povoado palestino da Galileia, um dos 300 que foram destruídos pelo exército de ocupação israelense em 1948. Darwich foi membro do Partido Comunista de Israel e da OLP, onde assessorou Yasser Arafat. Seus versos exprimem com ardor a indignação de um povo mártir.