O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, proibiu a entrada de jornalistas com celulares, gravadores e câmeras de filmagem em evento do qual foi um dos palestrantes nesta terça-feira (17), no Palácio Tangará, hotel de luxo localizado na zona Sul de São Paulo. A informação foi passada à imprensa pela assessoria de comunicação do hotel.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) conversou com o ator e humorista Bemvindo Sequeira sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados para apurar as denúncias de irregularidades cometidas pelo ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato. Para a deputada a CPI cria uma possibilidade real de que ilegalidades explícitas reveladas pelo site The Intercept sejam apuradas. Assista a íntegra da conversa.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu duas vezes ao então juiz Sergio Moro operações contra a filha de um alvo da Lava Jato que vive em Portugal como forma de forçá-lo a se entregar. Apesar de ser titular de contas no exterior que receberam propinas, ela não era suspeita de planejar e executar crimes. É o que apontam mensagens de Telegram trocadas entre procuradores e divulgadas nesta quarta-feira (11) pelo site The Intercept Brasil.
Há três meses, uma série de reportagens publicadas pelo site The Intercept Brasil e seus parceiros vem revelando a forma como procuradores da República e o então juiz Sergio Moro utilizaram politicamente a Operação Lava Jato. No entanto, apesar das revelações publicadas pela imprensa brasileira, até o momento não houve sanções aos envolvidos.
Por Christiane Peres, do PCdoB na Câmara
Procuradores da Lava Jato desconsideraram uma grave denúncia de manipulação de escolha do relator do processo de cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso desde outubro de 2016. O relato da fraude foi feito por Cunha ao propor delação premiada. O procurador Orlando Martello mencionou supostas “bolas mais pesadas no sorteio da relatoria” do Conselho de Ética, conforme mensagens do Telegram obtidas pelo site The Intercept e analisadas pelo UOL.
Este final de semana, uma nova reportagem da Folha de S.Paulo em parceria com o site The Intercept Brasil trouxe à tona um novo capítulo sobre o uso político da operação que deveria combater a corrupção no país. A reportagem mostra o então juiz Sergio Moro – atual ministro da Justiça – conspirando abertamente para impedir a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil e tirar a ex-presidente Dilma Rousseff do poder.
Por meio de um manifesto, mais de 150 juristas pedem afastamentos dos procuradores da Lava Jato e a investigação sobre o ex-juiz Sérgio Moro pela “grave transgressão jurídica” na divulgação de áudio de conversas telefônicas entre a então presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Reportagem da Folha de S.Paulo deste domingo (8), em parceria com Intercept Brasil, revela que os procuradores agiram politicamente para o afastamento da presidenta.
O procurador Deltan Dallagnol planejou se candidatar ao Senado nas eleições 2018, revelam mensagens trocadas via Telegram e entregues ao Intercept por uma fonte anônima. Num chat consigo mesmo, que funcionava como espaço de reflexão do procurador, ele se considerou “provavelmente eleito”. Também avaliou que a mudança que desejava implantar no país dependeria de “o MPF lançar um candidato por Estado” – uma evidente atuação partidária do Ministério Público Federal, proibida pela Constituição.
A exemplo da procuradora Jerusa Viecili – sua colega na operação Lava Jato em Curitiba (PR) –, Deltan Dallagnol respaldou a “Vaza Jato”. Em entrevista nesta sexta-feira (30) à BBC, o comandante da operação se retratou por ter sido “um pouco irresponsável” ao ironizar a morte de parentes do ex-presidente Lula. Ao fazer mea-culpa, Dallagnol confirmou, de forma indireta, a autenticidade das mensagens obtidas e divulgadas pelo site The Intercept Brasil.
Por André Cintra
Lavajatismo e bolsonarismo são fenômenos que se confundem. Seus valores são praticamente os mesmos: moralismo exacerbado, messianismo, criminalização da política, ojeriza a evidências científicas e desprezo ao que se convencionou a chamar de estado democrático de direito. Tudo temperado com um maniqueísmo adolescente e com uma profunda, bizarra e constrangedora indigência intelectual.
Por Gustavo Freire Barbosa
Procuradores da Lava Jato usaram vazamentos com o objetivo de manipular suspeitos, fazendo-os acreditar que sua denúncia era inevitável, mesmo quando não era. O intuito, eles disseram explicitamente em chats do Telegram, era intimidar seus alvos para que fizessem delações. Além de eticamente questionável, esse tipo de vazamento prova que o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, mentiu ao público ao negar categoricamente que agentes públicos passassem informações da operação.