Coordenador do Sindipetro –RN participa de Evento Internacional

O Coordenador-Geral do SINDIPETRO-RN, Márcio Dias, integrou recentemente delegação brasileira que participou do congresso internacional dos sindicatos de trabalhadores de petróleo, energia, água, química e minerais energéticos na Cidade do México (Méxi

Qual o perfil dos participantes deste congresso?


Ao todo participaram 227 delegados de 25 países. Todos das respectivas categorias econômicas relacionadas a petróleo, gás, energia e água, aliás, me surpreendi com a preocupação da grande maioria dos delegados e delegadas com a questão da água. A faixa etária situada entre 30 e 50 anos. Durante os debates deu para perceber, pelos discursos, que ideologicamente, os delegados e delegadas identificavam-se como nacionalistas, socialistas e comunistas. Também observamos, que vários delegados não tinham envolvimento ideológico. Do ponto de vista étnico, a grande maioria era de latinos e de origem indígena. Um fato interessante na abertura e no encerramento do congresso foi a execução do hino do sindicato, o hino do México e o hino internacional socialista respectivamente.



A partir das discussões, como estão atuando os movimentos sindicais nos demais países na questão da energia e da soberania? Os estragos do neoliberalismo ainda estão muito presentes ou já foram reparados?



As questões relacionadas à energia – petróleo, gás, geração de energia, e soberania foram fortemente debatidas. Até porque, o domínio energético está muito relacionado a duas coisas: ou ao imperialismo ou a soberania dos países. Neste sentido, os pronunciamentos focaram muito a questão das privatizações do setor energético, quer seja do petróleo e gás, quer seja da geração de energia através de outras fontes. Na Ásia, Europa, África e muitos países Latino-Americanos, inclusive, no próprio México, as denúncias eram no mesmo tom: o neoliberalismo está destruindo a soberania das nações. Governos entreguistas e traidores por todos os lados. Brasil, Venezuela, Equador e Bolívia, até por questões óbvias, fizeram a diferença e apresentaram relatos avançados do ponto de vista da luta de classes e do enfrentamento ao neoliberalismo, especialmente a delegação brasileira fez a diferença ao convocar a luta pelo socialismo.
Sem dúvidas, quando ouvíamos as denúncias dos nossos irmãos africanos e de outros países latinos, parecia que estávamos revivendo os anos malditos do governo tucano no Brasil. Lamentável, mas em contrapartida, deu para perceber que a luta de resistência e de enfrentamento ao neoliberalismo, assim como aqui, é muito intensa naqueles países.



Em torno de quais eixos há unidade atualmente na luta dos trabalhadores do continente no setor de energia?


 


Sem dúvidas, a soberania, a preservação do meio ambiente, a luta por direitos sociais e pelo avanço da democracia. Há, de fato, uma consciência muito forte de que é necessário intensificar a luta contra o capitalismo e o imperialismo porque eles significam uma ameaça a tudo isso. Há também uma expectativa muito forte com relação à luta de resistência contra o neoliberalismo simbolizada pelos governos democráticos e populares instalados na América Latina porque esses governos têm priorizado os investimentos nesse setor estratégico, o que significa reforçar a luta pela soberania e a geração de empregos.


No campo específico do petróleo, em quais aspectos os desafios são assemelhados na região?



Sobre o petróleo e o gás o desafio principal é garantir a sua posse e o desenvolvimento de tecnologia energética. Porque o que vemos hoje é uma ameaça permanente do imperialismo visando roubar as reservas de petróleo e gás dos outros países. Estamos vendo o que está acontecendo com o Iraque. O próprio México teve roubadas suas reservas de petróleo e gás. Nesse sentido, o Brasil que há 50 anos deu o exemplo com a campanha “o petróleo é nosso”, criou a Petrobras e acertou em cheio na luta pela nossa soberania. Recentemente a Bolívia e a Venezuela fizeram a mesma coisa. Então, está claro que defender as reservas energéticas e lutar contra o imperialismo são aspectos semelhantes na luta dos povos da nossa região.


Como você avalia a experiência de ter participado do evento? Quem mais do Brasil participou?


Extraordinária. Em primeiro lugar, devo tudo isso aos meus camaradas petroleiros e petroleiras. Aos companheiros funcionários do sindicato e aos camaradas do partido e da diretoria do Sindipetro/RN e da FUP. Aos companheiros que comigo participaram daquele congresso: Caetano (Sindipetro/AM e FUP, E ELEITO PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO DE PETRÓLEO E GÁS DA UNIÃO INTERNACIONAL DE SINDICATOS – UIS), Orismar (Sindipetro/CE) e Enéas Sindipetro/ES e FUP). Agradeço a todos, porque foram eles que me prepararam para que eu pudesse participar e representar com dignidade o nosso SINDIPETRO/RN, e por que não dizer o meu país. Pude conhecer um povo maravilhoso que ama o seu país antes de qualquer coisa. Um povo humilde, solidário, hospitaleiro e alegre de uma grande nação que é o México. Um país com uma história revolucionária incrível e uma cultura fantástica. Pude conhecer e participar de um dos atos políticos mais emocionantes da minha vida. Um ato promovido pelo sindicato mexicano dos eletricistas, o SME, como eles clamam carinhosa e ruidosamente, contra a privatização do setor elétrico, na praça da revolução. Pude presenciar pessoas chorando de emoção ao ver os sindicalistas falarem com sinceridade sobre a necessidade de defender a nação da ganância imperialista. Confesso que nunca tinha visto isso e me emocionei muito. Não poderia fazer melhor avaliação, pois não é sempre que sentimos o calor humano de pessoas que se sentem iguais a você e que lhe dão um “bom dia” com carinho e alegria. Já viajei por muitos lugares no nosso país e essa foi minha primeira viagem a outra nação e confesso, que no México, me senti em casa. Um aprendizado político e humano espetacular. Muito obrigado a todos por me darem esta oportunidade. Muito obrigado mesmo!


Retirado do www.sindipetrorn.org.br