Mais um partido de esquerda deixa a Prefeitura de Salvador
Depois do PCdoB e do PSB, o PT também decidiu deixar o governo João Henrique (PMDB). O partido anunciou a entrega dos cargos que ocupava na Prefeitura de Salvador na noite de ontem (08/04), depois de diversas tentativas de falar com o pr
Publicado 09/04/2008 20:51 | Editado 04/03/2020 16:21
O Partido dos Trabalhadores é o último dos partidos de esquerda a deixar o governo e anuncia que irá apresentar uma candidatura da legenda à Prefeitura. O PCdoB foi o pioneiro ao entregar os cargos em novembro de 2007 declarando independência em relação ao governo que logo se expressou na luta contra a aprovação do Plano de Diretor de Desenvolvimento Urbano encaminhado pelo prefeito. O partido já havia anunciado a pré – candidatura de Olívia Santana à prefeita. Em seguida foi a vez do PSB deixar os cargos, em março, e confirmar a opção pelo nome da deputada federal e ex-prefeita de Salvador, Lídice da Mata, como candidata. O PT permaneceu na Prefeitura até ontem.
Na carta enviada ao prefeito, assinada pelo presidente estadual do PT, Jonas Paulo, e pela presidente do Diretório Municipal, Vânia Galvão, o partido comunica a decisão de “construir uma candidatura e uma frente política alternativa para disputar as eleições da em Salvador no primeiro turno”.O PT diz que respeita a decisão do prefeito em pleitear a reeleição, porém, assinala que esta opção não corresponde à leitura política do partido no momento. E encerra dizendo que o PT e PMDB possam, de alguma forma, subir no mesmo palanque para garantir a vitória das forças políticas que sustentam o governo Lula na capital.
Apoio a Serra em 2010
Em entrevista à imprensa local, o presidente do PMDB, Lúcio Vieira Lima, falou da saída do PT. “Nós respeitamos a decisão do PT de ter candidatura própria, mas também temos o direito de achar que essa não foi a melhor decisão. Com certeza o PMDB não faria desse jeito. Achamos que a maneira mais coerente seria a continuidade do apoio, até porque a saída do PT da gestão municipal muda algumas coisas na aliança estadual. O PMDB já havia anunciado que marcharia com Wagner em 2010, mas agora vamos avaliar o que é melhor para nós”, esclareceu. Lima disse ainda que há possibilidade de aliança do PMDB com o PSDB para sucessão governamental em 2010. “O PSDB deve lançar Serra como presidente em 2010, podemos pensar em aliança”, ressaltou Lima, ao falar com a Tribuna da Bahia.
Geddel Vieira Lima também comentou a atitude do PT. “Politicamente houve uma divergência com o PT, mas ela não representa nenhum terremoto político ou mudança na nossa condição de apoiadores do governo Jacques Wagner. O que ocorreu é que o apoio político ao governo estadual deixou de estar vinculado às eleições, seja agora ou depois. No campo da autonomia partidária, a decisão do PT de se afastar da administração de João Henrique põe um fim ao nosso compromisso de ter alinhamento automático com o PT. De agora em diante, cada caso será estudado isoladamente”. “Na visão do PT é aceitável apoiar um governo desde o início, participar da administração por muito tempo e depois surpreender e abandoná-lo. Não achamos isso natural, mas se essa é a regra estamos liberados para agir conforme nossa visão”, alfinetou Geddel, em entrevista ao A Tarde.
Chantagem política
Para o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo, “a reação do Lúcio e Geddel soa como chantagem política, para colocar o governo Wagner e os partidos mais à esquerda contra a parede. A disputa na base aliada vai acontecer em diversos municípios do estado e isto é normal em uma base tão plural, como é a de Wagner. O PMDB reclama em Salvador, mas certamente vai apresentar candidaturas em outros municípios onde existem outros candidatos desta mesma base aliada”.
Ainda sobre a sucessão em Salvador, Galindo considera positivo que todos os partidos apresentem suas propostas no 1º turno e que unifiquem o discurso num 2º turno, se for conveniente. “O importante é ressaltar que o PCdoB entregou os cargos que tinha na prefeitura na hora certa. A saída do PT era esperada, pois os outros partidos de esquerda já haviam feito o mesmo. Se o PT ainda tinha alguma esperança que o governo João Henrique tivesse uma proposta mais avançada para resolver os problemas de Salvador, perdeu depois do embate do PDDU. Ali o prefeito deu uma guinada definitiva para a direita “, ressaltou Galindo.
De Salvador,
Eliane Costa