PCdoB repudia volta da censura à Paraíba
O Partido Comunista do Brasil, comitê estadual da Paraíba, lançou nota repudiando ação do Juiz Aluizio Bezerra Filho, titular da 64ª Zona Eleitoral da Capital, que expediu ordem na última quinta-feira (10) impondo censura ao noticiário em torno do Caso Co
Publicado 12/04/2008 23:41 | Editado 04/03/2020 16:54
Abaixo a Censura, pela Liberdade de Expressão
Venho em nome do Partido Comunista do Brasil – PCdoB, repudiar a nefasta determinação do Juiz da 64º Zona Eleitoral da Paraíba, Aluízio Bezerra Filho de proibir o Sistema Correio da Paraíba de veicular notícias referentes ao inquérito da Polícia Federal, que apura o escândalo envolvendo a campanha eleitoral de 2006. Ao mesmo tempo, nos solidarizamos com o Sistema Correio da Paraíba e, especialmente com os profissionais da imprensa, tolhidos no seu exercício de informar.
Consideramos de extrema gravidade esta decisão, que retoma, no Brasil de hoje – que alcançou importantes avanços democráticos – a censura prévia dos anos de chumbo da ditadura. A consciência democrática não pode se calar diante deste absurdo, principalmente quando toda a sociedade clama pela transparência e o esclarecimento devido, dos fatos e denúncias de irregularidades na campanha eleitoral de 2006.
Nós do PCdoB, defensores incontestes da liberdade e da democracia, que sofremos na pele o peso do arbítrio, conclamamos a mobilização da sociedade civil para reagir a essa insanidade e barrar toda e qualquer ameaça às liberdades e à democracia, no nosso Estado e no nosso País.
Abaixo a censura, ao arbítrio e pela liberdade de expressão.
João Pessoa, 11 de abril de 2008
Agamenon Travassos Sarinho
Presidente Estadual do PCdoB
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Saiba mais sobre o caso:
O juiz Aluizio Bezerra Filho, titular da 64ª Zona Eleitoral da Capital, expediu ordem nesta quinta-feira (10) impondo censura ao noticiário em torno do Caso Concorde no jornal e emissoras de rádio e televisão do Sistema Correio.
A determinação do juiz foi comunicada por oficial de Justiça no começo da noite de hoje, através de mandado na qual intima o Sistema a se abster de qualquer ''divulgação, publicidade, ou noticiário institucional ou jornalístico'' relativo ao inquérito que apurou a história do dinheiro voador.
O mandado foi solicitado pelo empresário Olavo Cruz, apontado como o homem que na véspera do segundo turno das últimas eleições jogou pela janela do seu escritório no Edifício Concorde mais de R$ 300 mil em espécie.
O dinheiro estava acondicionado num saco onde foram encontrados também materiais de campanha e boletos de pagamento de contas de água, luz e telefone de eleitores carentes da Grande João Pessoa.
O Concorde, prédio de salas comerciais da Avenida Epitácio Pessoa, a mais extensa da Capital, ficou nacionalmente famoso no dia 27 de outubro de 2006 após o episódio do dinheiro atirado pela janela. Segundo se apurou na ocasião, quem atirou o pacote estava dentro do escritório 103 do edifício e assim agiu para tentar livrar um flagrante de fiscais da Justiça Eleitoral.
Olavo Cruz é dono do escritório 103 e de uma empresa que faturou mais de R$ 3,5 milhões nos últimos três alugando carros para o Governo do Estado. Alguns desses carros, segundo inquérito da Polícia Federal, apesar de pagos com dinheiro público, foram utilizados na campanha de reeleição do governador Cássio Cunha Lima (PSDB).
A PF também constatou que boa parte do dinheiro voador veio de empresários envolvidos na venda dos créditos imobiliários do Ipep e da Cehap para a empresa Tetto, efetuada pelo Governo do Estado no ano eleitoral com deságio de 86%.
Todos esses fatos vêm sendo expostos através de reportagens exclusivas do Correio da Paraíba desde a edição do último domingo (6). Hoje, o Caso Concorde voltou a repercutir em todo o país, graças ao jornal Folha de S.Paulo, o de maior circulação do Brasil, que divulgou matéria sobre o assunto em sua edição desta quinta.
São essas informações, seus desdobramentos e notícias correlatas o alvo da censura que se expõe do mandado judicial emitido hoje. Para garantir que sua ordem seja cumprida, o juiz Aluízio Bezerra estipulou multa de R$ 50 mil por cada veículo que divulgar qualquer coisa sobre o Caso Concorde.
A Assessoria Jurídica do Sistema Correio foi acionada para garantir a liberdade de imprensa do jornal, rádios e TV Correio.
Por Eliseu Lins
Portal Correio em 10/04/2008