Amorim cobra fim dos subsídios contra alta dos alimentos
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu, na sexta-feira (18), ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e propôs o fim de subsídios agrícolas. O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Khan, declarou que o pior da crise dos alimentos ainda e
Publicado 19/04/2008 13:10
Após assinar acordos de cooperação entre o Brasil e a Fundação para Agricultura e Alimentação (FAO), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), Amorim disse que, se o mundo quiser combater a inflação dos alimentos, é preciso acabar com os subsídios agrícolas.
''Se o diretor-geral do FMI e o presidente do Banco Mundial querem dar uma recomendação que realmente melhore a produção de alimentos nestes países, eles deveriam dizer o seguinte: 'Olha, em vez de reduzir para US$ 14 bilhões [os subsídios dados pelos] os Estados Unidos e US$ 20 bilhões [os subsídios pagos pela] a Europa, reduz a zero'', sugeriu Celso Amorim.
“Como foi reconhecido pelo próprio diretor-geral da FAO, o que impediu o crescimento da produção de alimentos em países africanos e sul-americanos foram os subsídios, não foi o biocombustível”, afirmou o ministro.
Para Amorim, a produção de biocombustíveis nos países em desenvolvimento não é a causa da escassez de alimentos no mundo. “Pelo que me consta, na África ninguém deixou de produzir alimento para produzir biocombustível. Eles não produziam alimentos e continuam sem produzir, porque os subsídios agrícolas da Europa e dos EUA impedem que isso ocorra”, completou.
Aliados
O FMI decidiu mesmo se aliar ao Banco Mundial contra os biocombustíveis. E Strauss-Khan foi além: o uso de produtos agrícolas alimentares para a produção de biocombustíveis seria um verdadeiro problema moral.
O diretor-geral do FMI estimou em centenas de milhares de pessoas o número de potenciais afetados pela alta dos preços de comida e lembrou que pior que a fome é a desnutrição de crianças.
Esta semana, a bioenergia tinha sido condenada também pelo relator da ONU, Jean Ziegler, que disse que a produção e uso de biocombustíveis se transformaram em um “crime contra a humanidade”, devido aos problemas atuais com o aumento dos preços dos alimentos. A resposta do Brasil a essas declarações foram dadas pelo presidente Lula, ao inaugurar na quarta-feira a 30ª Conferência Regional da FAO, em Brasília.
“O verdadeiro crime contra a humanidade é relegar os países pobres à miséria” e fechar-lhes a porta do desenvolvimento, disse Lula na abertura da conferência.
Fonte: G1