Presidente do PCdoB é reintegrado à UFBA em ato público no dia 12

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, estará em Salvador na próxima segunda-feira (12/4) para um ato público que marcará a reintegração ao curso Medicina da Universidade Federal da Bahia. A cerimônia será no Salão Nobre da Reitoria da UFBA, às 17h30, com a presença do reitor, Naomar Almeida, e convidados. Na ocasião, também será lançado o livro Idéias e Rumos, de autoria do próprio Rabelo.

“É uma reparação importante pelo sentido simbólico; mostra exatamente que o Estado Brasileiro, através da Comissão da Anistia, tem procurado resgatar a memória e a verdade desse período a partir da história de cada um. Portanto, tem um grande valor, porque uma nação que esconde episódios importantes, é uma nação fadada ao fracasso”, afirmou o presidente do PCdoB. Os processos de anistia no Brasil, hoje, ultrapassam 66 mil; outros 40 mil já foram julgados.

A conselheira da Comissão da Anistia do Governo Federal, Ana Guedes, que inclusive participou do processo de Renato Rabelo, explica que o objetivo da Comissão é justamente reparar, objetivamente e na medida do possível, os danos causados pela Ditadura Militar, quando os opositores ao regime eram perseguidos, presos, torturados e mesmo mortos. “Não podemos deixar passar em branco as atitudes da Ditadura, até para que esse tipo de coisa nunca mais aconteça e para que a memória do povo brasileiro não se perca. Porque, numa democracia, você pode ter a opinião que quiser e não vai ser preso, censurado nem perseguido. Mas numa ditadura como a do Brasil, quem ousava ser contra o regime era perseguido e muitas vezes discriminado pela própria sociedade”, lembrou.

Rabelo foi impedido de continuar o curso com o endurecimento do regime militar, quando, inclusive, foi obrigado a viver no exílio, em Paris, em 1976. O retorno ao Brasil se deu em 1979, com a Anistia aos perseguidos políticos; mas somente em novembro do ano passado, o Estado brasileiro lhe concedeu anistia política e o direito – legítimo – de regressar ao curso de Medicina. O processo, aprovado por unanimidade, já durava mais de 15 anos. “Pra mim, tem um grande significado, mais até de que reparação monetária: é uma forma de ir repondo tudo aquilo que um regime arbitrário e autoritário impediu”, pontuou.

Idéias e Rumos

O evento na Reitoria também será marcado pelo lançamento, em Salvador, do livro Idéias e Rumos. Dividido em três partes – O Rumo, O Caminho e O Instrumento -, a obra reúne textos, intervenções políticas e discursos de Rabelo ao longo de seus oito anos como Presidente do PCdoB; traz reflexões acerca da conjuntura política nacional e internacional nas últimas três décadas; além de avaliações teóricas sobre as diretrizes e a luta do partido pelo socialismo.

Nascido em 1942, em Ubaíra, interior da Bahia, Renato Rabelo iniciou sua militância no movimento estudantil na própria Faculdade de Medicina, como integrante da Juventude Universitária Católica – JUC e, depois, da Ação Popular – AP. Em 1965, foi eleito presidente da União dos Estudantes da Bahia – UEB e, no ano seguinte, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE. O ingresso no PCdoB se deu com a incorporação da AP ao partido, em 1971.

Eleito vice-presidente nacional do partido duas vezes – responsável pela juventude e depois pela organização partidária –, ocupa a Presidência desde 2001. “Ao longo desses oito anos, a gente conseguiu que o partido crescesse, se expandisse e se tornasse mais influente, com mais autoridade”, comemorou Renato Rabelo. O ponto crucial, segundo ele, foi o ingresso no Governo Federal; fato até então inédito na trajetória do PCdoB. “Tivemos que definir uma nova tática política, uma nova orientação, porque uma coisa é oposição, outra coisa é ter responsabilidade de Governo. Então, acho que ter sabido enfrentar isso e manter o partido unido em torno dessas novas responsabilidades, é o aspecto mais importante desse período de oito anos”, destacou ele, que participou das coordenações das cinco campanhas de Lula (desde 1989) e integra o Conselho Político do Governo da República.

Para este ano, o PCdoB está focado nas eleições e mantém-se fiel ao projeto iniciado a partir da vitória de Lula, em 2002 e destaca a perspectiva de um novo projeto de desenvolvimento para o país. “As eleições têm um sentido estratégico, de poder continuar esse ciclo político aberto por Lula e avançar mais, tendo em vista o nosso rumo, que é caminhar para uma transição ao socialismo”, ratificou Rabelo.

De Salvador,
Camila Jasmin