Mulher sofre roubo e agressão dentro de delegacia paulista
Assaltantes invadiram distrito policial, agrediram mulher e foram embora com R$ 13,5 mil. Policiais não interferiram por pensar se tratar de "briga de casal", em mais uma demonstração do despreparo da polícia paulista.
Publicado 14/05/2010 09:47 | Editado 04/03/2020 17:18
Uma comerciante teve a bolsa roubada por dois ladrões, na tarde de quinta-feira (13), no interior do 1º Distrito Policial da cidade de Salto, a 105 km da capital paulista, na região de Sorocaba. A vítima não quis ser identificada por temer pela sua segurança.
Após sacar R$ 13,5 mil, a comerciante, cujo celular havia sido clonado, resolveu passar na delegacia, localizada no Jardim das Nações, para registrar em boletim de ocorrência da clonagem do aparelho. Sem saber que havia sido seguida, a vítima, quando esperava para ser atendida já dentro da delegacia, foi abordada por dois bandidos, que exigiram a bolsa dela.
Tudo foi testemunhado por dois policiais que estavam do outro lado do balcão, para onde a mulher, durante luta corporal com um dos bandidos, ainda jogou a bolsa na tentativa de evitar o roubo. Um dos assaltantes não teve dúvida: pulou o balcão, pegou a bolsa e, na volta, foi retido pela comerciante, que novamente o agarrou.
No momento em que ouviu do criminoso uma ordem para que o comparsa atirasse nela, a comerciante desistiu e deixou que a dupla fugisse com a bolsa, que foi encontrada depois abandonada no meio da rua, sem o dinheiro. Com um dos braços feridos, a mulher, indignada com a total omissão dos dois policiais, ainda ouviu deles que nada foi feito porque eles (os policiais) pensaram que fosse uma briga de casal. Ou seja,segundo a polícia paulista, não haveria problema na agressão se fosse um caso de violência doméstica.
Machismo e depreparo
Não é a primeira vez que a polícia do estado de São Paulo dá claros sinais de despreparo para lidar com as diversas situações, em especial as que tratam de violência contra a mulher. Em 2008, uma adolescente de 15 anos, Eloá Cristina, foi assassinada pelo ex-namorado em frente a um atônito e desastrado corpo policial, que tratou como paixão juvenil um flagrante ato de violência de gênero. Isso após a recusa, 10 meses a fio, do então governador de São Paulo, José Serra, em assinar o Pacto Nacional pela Redução da Violência Contra a Mulher do Governo Federal. O pacto, entre outros, previa verbas destinadas a treinamento policial para casos de violência de gênero.
Da redação, com agências