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Eduardo Galeano defende uso de tecnologia no futebol

O escritor uruguaio Eduardo Galeano reivindicou o uso da tecnologia na resolução de jogadas duvidosas no futebol, como se faz em outros esportes, em artigo sobre o Mundial da África do Sul publicado hoje no diário "La República".

No texto, intitulado "Reino mágico", o autor de "As Veias Abertas da América Latina" fez um resumo desta edição da Copa do Mundo, que considerou insólita por diversas razões. Entre elas, porque "a todo-poderosa burocracia da Fifa" reconheceu pela primeira vez "que seria preciso estudar a maneira de ajudar os árbitros nas jogadas decisivas".

"Até estes surdos de voluntária surdez tiveram que escutar os clamores suscitados pelos erros de alguns árbitros, que na última partida (a final entre Espanha e Holanda) chegaram a ser horrorosos", afirmou o escritor.

Galeano lamentou que os torcedores tivessem que ver pela televisão "o que os árbitros não viram ou talvez não puderam ver" e disse não entender porque os juízes "estão autorizados a consultar uma antiga invenção chamada relógio", mas que disso "está proibido passar". Para o escritor, o que também lhe pareceu insólito é "que no final do torneio se fizesse justiça, o que não é frequente no futebol, nem na vida", em alusão ao título da Espanha.

Galeano se mostrou surpreso com a Jabulani, a bola da Copa, "ensaboada, meio louca, que fugia das mãos e desobedecia os pés". O escritor lembrou que a bola foi "imposta" pela Fifa, "embora os jogadores não gostassem nem um pouquinho".

"Insólita foi também a melhor defesa do torneio", porque não foi feita por um goleiro, mas a um atacante, o uruguaio Luis Suárez, que usou as mãos para salvar sua equipe da eliminação nas quartas-de-final, contra Gana.

O escritor, que durante o Mundial pendurou um aviso dizendo "Fechado para futebol" na porta de sua casa em Montevidéu, disse que, apesar da intensidade com que viveu a Copa, já começa a sentir falta da "insuportável ladainha das vuvuzelas". "Também a festa e o luto, porque às vezes o futebol é uma alegria que dói", conclui Galeano.

Fonte: Portal Copa 2014