Jamil: “Bolsa-aluguel não resolve o problema de habitação de SP”

O vereador Jamil Murad (PCdoB) e representantes da Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo (Facesp) cobraram da secretaria de Habitação da capital providências definitivas para os moradores que estão sendo removidos das áreas de risco em São Paulo. Para Jamil, o bolsa-aluguel é um paliativo e não contempla a necessidade real da população atingida pelas enchentes.

As reivindicações das entidades de moradores parecem não ecoar nas autoridades competentes. O resultado? Novas vítimas das chuvas e da inoperância do poder público. Em outubro, um casal morreu arrastado pelas águas das chuvas na Cidade Ademar. Outros moradores ficaram sem casas. O sistema de alarme de enchentes falhou quando não previu o alagamento no Ribeirão dos Aterrados, afluente do córrego Zavuvus, que transbordou e levou o casal à morte.

Os moradores do local alegam que as providências somente foram tomadas depois do triste episódio que teve como conseqüência as duas mortes. “Eles (técnicos da subprefeitura) vieram aqui em fevereiro, pediram pra gente fazer um cadastro e só voltaram agora, depois que divulgaram as mortes”, disse Genoveva Maria da Silva, moradora da Rua Delfino Facchina, que perdeu sua casa na enchente de fevereiro.

O pagamento do bolsa-aluguel tem sido a medida recorrente da prefeitura para desalojar as famílias. “O pagamento da bolsa-aluguel de 400 reais não resolve o problema de moradia da cidade. As famílias são obrigadas a sair no mesmo dia, geralmente esse valor não dá pra alugar uma casa, assim elas voltam para outra área de risco ou podem até virar moradores de rua”, criticou Jamil.

Maria José, a Lia, diretora da FACESP, disse que “a demolição traz muito sofrimento às famílias e se elas não tivessem o apoio da FACESP e do mandato do vereador Jamil o sofrimento seria muito maior, pois o diálogo com a Subprefeitura é muito difícil”, contou a militante do movimento de moradia.

Para Carlos Loureiro, defensor público de habitação e urbanismo, é um equívoco retirar as pessoas de suas casas sem terem a moradia definitiva. “Transfere a responsabilidade para a pessoa. E ela tem que lidar com o mercado de locação, muito sensível à lei de oferta e da procura. Você estimula uma grande procura, os preços variam com muita intensidade e o valor do auxílio se revela insuficiente.”

Por Ana Flávia Marx, com informações da Folha de S.Paulo