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Parlamentares do PCdoB criticam juros e propõem mudança de foco

Ao tomar posse como membro da Comissão de Trabalho e também da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Assis Melo (PCdoB-RS) chamou a atenção dos demais colegas sobre a necessidade de um debate amplo visando o desenvolvimento do Brasil, criticando o aumento dos juros anunciado esta semana pelo Copom (Conselho de Política Monetária).

“Precisamos enfrentar o tripé que está instalado no nosso país, que é o controle da inflação, os juros altos e o superávit primário. Se não enfrentarmos essas questões, talvez dificulte o desenvolvimento do nosso país. A própria balança comercial mostra isso”, acrescentou Assis

A fala do deputado se soma a dos demais colegas de Partido que destacam a posição do PCdoB contrário a alta dos juros. “Acho que a gente poderia sim alterar esse sentido que o Banco Central tem dado permanentemente. Acho que é preciso focar na geração de empregos, manutenção do desenvolvimento. Quando você diminui taxa de juros, cria uma situação muito favorável para o desenvolvimento”, diz o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), membro da Comissão de Defesa do Consumidor e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), destaca que a redução dos juros é uma das principais bandeiras do PCdoB e um dos pontos dos quais o partido, na sustentação ao governo da presidente Dilma, não abre mão.

"O argumento do Copom é o de que seria necessário elevar os juros para conter a inflação. Respeitamos, mas discordamos. Um aumento dos juros tem impacto negativo no crédito ao cidadão e principalmente no estímulo à economia, dificultando a geração de novos empregos. Esse é um preço a se pagar com essa decisão do Banco Central", aponta o parlamentar cearense.

A deputada Jô Moraes (MG) é outra representante da bancada que sempre se pronuncia no Parlamento contra o aumento dos juros. Ela destaca que na discussão do projeto de desenvolvimento para o País, é preciso definir os recursos para garantir os investimentos necessários. E que a política fiscal e monetária deve dar sustentabilidade ao desenvolvimento com distribuição de renda e enfrentamento das desigualdades regionais.

E enfatiza que o Partido Comunista do Brasil defende que "o crescimento econômico acelerado e duradouro requer uma elevação substancial dos investimentos. Isso só será possível com a inversão da lógica rentista predominante em uma nova concepção desenvolvimentista".

Ela diz ainda que o financiamento do desenvolvimento nacional exige uma mudança no perfil da dívida pública, diminuindo seus custos e aumentando seus prazos, bem como a adoção de políticas monetária e fiscal expansivas. “O esforço pela diminuição da taxa de juros e dos spreads bancários poderá tornar os investimentos produtivos mais atraentes e aliviará o Orçamento da União do grande peso da rolagem da dívida pública. Além disso, essas medidas forçarão o sistema bancário a assumir os riscos de financiamento da produção, dando liquidez e ritmo ao crescimento", explica.

Mudar o foco

No Senado, Inácio Arruda (PCdoB-CE) faz coro aos colegas da Câmara, enfatizando os argumentos do Partido contrários ao aumento dos juros. Ele destaca a pressão que o setor financeiro exerce sobre o Banco Central, diz que a posição do Brasil sobre os juros está na contra-mão mundial e aponta outros meios para controlar a inflação.

Durante a sabatina dos novos diretores do Banco Central no Senado, esta semana, Inácio disse que “é melhor ter um pouquinho mais de inflação do que você ter um desemprego massivo”, e defende uma mudança na visão estabelecida há muitos anos no Brasil.

Ele lembrou que o próprio Secretário Executivo do Ministério da Fazenda disse que “o aumento do custeio não foi resultado de gastança do governo. Ao contrário, foi política de renda mínima que foi estabelecida no Brasil; foi política de crédito barato para alguns setores da economia, que ajudaram no desenvolvimento; foi para o custeio da ampliação das universidades, das escolas técnicas para preparar e formar o povo. Então, isso não pode ser considerado uma gastança desenfreada.”

E enfatiza que é preciso ampliar o foco do Banco Central e tirá-lo do circulo vicioso de combater inflação com juros altos, lembrando que “eles são prejudiciais à nossa economia.”

De Brasília
Márcia Xavier