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Opositores invadem palácio presidencial na Costa do Marfim

As forças de oposição ao presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, atacaram a residência presidencial, localizada na cidade de Abidjan, esta manhã (6). Gbagbo e sua família estão em um bunker (abrigo forçado) na residência presidencial, cercada por tropas leais à oposição.

Os opositores são liderados por Alassane Ouattara, reconhecido pela Comissão Eleitoral do país e pela Organização das Nações Unidas (ONU) como vencedor da eleição presidencial promovida em novembro de 2010. Gbagbo, contudo, se recusa a reconhecer a derrota e a deixar o cargo, afirmando que houve fraude em favor do adversário.

Após dois dias de combates pesados – suspensos na noite da última terça-feira (5) – e de a residência presidencial ter sido cercada, Gbagbo chegou a negociar com representantes da ONU os termos de sua saída da Presidência. As negociações, no entanto, foram suspensas após Gbagbo negar que renunciaria. Os confrontos foram retomados.

"Vamos tirar Laurent Gbagbo de seu buraco e entregá-lo ao presidente da República", disse Sidiki Konate, porta-voz do primeiro-ministro nomeado por Ouattara, Guillaume Soro.

Aliados de Gbagbo descreveram a movimentação em torno da residência presidencial como uma tentativa de assassinato, mas os de Ouattara afirmaram que os soldados receberam ordens para não matar o líder marfinense.

A maior parte das forças de Gbagbo depôs suas armas e ainda não está claro quanta resistência as forças leais a Ouattara vão encontrar. A sensação é de "fim de jogo" para Gbagbo, segundo o correspondente.

O clima na capital do país é de temor por um maior derramamento de sangue. Houve troca de tiros entre milícias pró e antigoverno e muitos moradores, com medo, começam a deixar a cidade a pé.

Muitos generais tiraram seu apoio ao atual presidente e pediram que suas tropas interrompam as operações. Comandantes leais a Ouattara indicaram que só aceitarão a rendição de Gbagbo se ela for incondicional.

"Negociações fracassaram"

No decorrer da crise, ficou evidente o interesse de potências europeias e dos Estados Unidos em afastar Gbagbo. O chanceler da França, Alain Juppé, afirmou nesta quarta-feira que as negociações para a renúncia do presidente da Costa do Marfim fracassaram, acabando com as esperanças de uma saída negociada aos conflitos que se arrastam desde novembro no país africano.

"As negociações que foram levadas por horas ontem entre a equipe de Laurent Gbagbo e as autoridades marfinenses fracassaram por causa da intransigência de Gbagbo", disse Juppé ao Parlamento francês. "Por ele foram interrompidas".

Ele negou, contudo, que a ofensiva da oposição à residência presidencial conte com a participação das forças da ONU (Organização das Nações Unidas) e da França no país. "Pedimos à ONU que garanta a integridade física dele, assim como a da família, e organize as condições de saída. É a única coisa que falta negociar agora", declarou o chanceler francês.

As Nações Unidas, por sua vez, declararam que Gbagbo contunuava, nesta quarta, negociando sua rendição com representantes estrangeiros, "As discussões continuam com a ONU", afirmou Nick Birnback, porta-voz da entidade.

Em um comunicado ontem (5), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a insistir na saída imediata de Gbagbo. Na segunda-feira (4), a ONU e a França bombardearam o complexo presidencial em Abidjan, depois que a missão das Nações Unidas no país foi atacada.

Segundo o comandante das forças de paz da ONU no país, Alain Le Roy, a decisão de atacar foi tomada com base em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que supostamente autorizaria esse tipo de ação.
 
A organização anunciou que enviará à Costa do Marfim um representante para investigar um massacre de centenas de civis na cidade de Duekoue, no Oeste do país, na semana passada. Simpatizantes de Ouattara e de Gbagbo acusam-se mutuamente pelas mortes. Segundo o Comitê da Cruz Vermelha Internacional, pelo menos 800 pessoas foram mortas.

União Europeia

A União Europeia (UE) decidiu nesta quarta-feira impor novas sanções contra o governo de Laurent Gbagbo ante a "gravidade da situação" na Costa do Marfim. "Os países da UE resolveram impor medidas restritivas adicionais contra a Costa do Marfim ante a gravidade da situação", afirma uma nota oficial.

Os europeus proibiram a compra de bônus e títulos do "governo ilegítimo" de Gbagbo, assim como a concessão de créditos.A UE incluiu ainda mais uma pessoa na lista de indivíduos proibidos de viajar à Europa e que tiveram os bens congelados, mas não revelou a identidade.

Com agências