Novos protestos eclodem na Síria e governo denuncia complô
Novos protestos antigovernamentais foram registrados nesta quinta-feira (14) em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, após a realização de uma concorrida marcha de mulheres, enquanto a emissora de televisão síria apresentou a confissão de vários detidos em distúrbios anteriores confirmando a denúncia de complô estrangeiro.
Publicado 14/04/2011 16:01
Moradores de Aleppo indicaram que as forças de segurança sírias tomaram medidas drásticas na universidade local, depois que estudantes realizaram uma manifestação, pela primeira vez, com críticas à administração do Partido Baath, situacionista, e exigir "liberdades" e reformas políticas.
Segundo testemunhos, cerca de mil alunos começaram a gritar "sacrificamos nosso sangue e nossa alma por ti, Deraa", em alusão à cidade sulista onde nas últimas três semanas ocorreram incidentes violentos que deixaram mais de duas dezenas de mortos.
Vários estudantes foram reprimidos e pelo menos três deles foram aprisionados durante a manifestação, respondida por partidários do Baath e cidadãos leais ao governo de Bashar al-Assad, que terminou em uma confusão, da mesma maneira que a acontecida na quarta-feira (13) na cidade de Damasco.
O governo sírio assinalou que jovens insuflados por opositores políticos retomaram as demonstrações na capital do país com demandas por "democracia" e exigiram a derrubada da lei de emergência, em vigor desde 1963, como também solicitam outros setores de oposição a al-Assad.
Por outro lado, o Ministério do Interior qualificou de "completamente falsas" as versões de canais estrangeiros de que as autoridades impediram o acesso de feridos a hospitais de Deraa e Baniya, onde na última sexta-feira os protestos terminaram em batalha campal entre opositores e situacionistas.
Mais de três mil mulheres e crianças bloquearam na quarta-feira um trecho de estrada, sob a ponte al-Marqab, em Baniyas, a gritos de "Deus, Síria e Liberdade", exigindo a libertação de seus maridos e filhos aprisionados na sexta-feira.
Uma centena de mulheres da aldeia costeira da Baida, no sul de Baniyas, bloquearam a ponte Busten para exigir a libertação de cerca de 350 familiares presos no dia anterior em suas próprias residências, e pedir que seja permitida a remessa de alimentos e outros bens aos presos.
As prisões aconteceram depois que cidadãos de Baida protestaram contra al-Assad e seu partido, disse um porta-voz da chamada "Declaração de Damasco", um grupo de direitos humanos que estima em 200 os mortos no país desde o início das manifestações, em 15 de março.
Não obstante, a televisão síria exibiu à noite as confissões de três presos, inclusive o de um chefe de gangue, Anas Kanj, que asseguraram ter recebido dinheiro e armas de organizações estrangeiras para executar atos de sabotagem na Síria.
Enquanto mostrava armas de distintos tipos e calibres, o canal sírio exibiu imagens de Kanj falando nomes e outros detalhes de uma gangue identificada como "A Revolução Síria", formada para "levar o país de uma situação ruim para uma melhor".
Com informações da Prensa Latina