Homenagem inicia comemorações do centenário de Marighella

Um ato público na tarde desta sexta-feira (4) marca o início das comemorações pelo centenário de Carlos Marighella, revolucionário baiano assassinado em 4 de novembro de 1969, em São Paulo, na luta contra o Regime Militar. Organizada por familiares e amigos, a homenagem acontece às16h, no cemitério da Baixa de Quintas, em Salvador, onde os restos mortais de Marighella estão sepultados. Intelectuais, artistas e representantes de entidades e movimentos sociais devem participar do ato.

“Marighela foi um dos grandes revolucionários brasileiros. Foi militante e dirigente do Partido Comunista do Brasil, participando inclusive do seu Comitê Central. Em 1962 ele ficou com o PCB e depois se afastou e criou a ALN (Aliança Libertadora Nacional). Foi a partir da fundação da ALN, que defendia a luta armada, que ele passou a ser alvo da repressão armada. A ALN foi uma das principais organizações de resistência armada ao Regime Militar. Talvez seja, depois do PCdoB, a organização política que mais teve perdas de vidas durante a ditadura”, informou o secretário para Assuntos Especiais do PCdoB Bahia, Péricles de Souza.

Para o dirigente comunista, Marighella faz parte de uma galeria de heróis do povo brasileiro do Regime Militar para os dias atuais. “Galeria onde estão também Carlos Lamarca, Maurício Grabois, comandante da Guerrilha do Araguaia e Mário Alves, jornalista baiano morto na tortura. São pessoas que deram a vida pela liberdade, pela independência, pelo socialismo. Todos, menos Lamarca, eram originários do movimento comunista”, afirma.

Péricles de Souza acrescenta que a reverência que se faz a estes heróis tem o objetivo de valorizar o papel que eles tiveram na luta contra a ditadura e, ao mesmo tempo, denunciar a brutalidade dos métodos adotados durante o Regime Militar. “É importante para que a juventude, para que as pessoas que não viveram aquele momento tirem lições destes fatos”.

Centenário

A importância de Marighella também é ressaltada por Ana Guedes, da direção do Grupo Tortura Nunca Mais na Bahia e da Comissão Nacional da Anistia. “Marighella foi um revolucionário importante na luta contra a ditadura no Brasil. Foi do Partido Comunista e depois fundou a ALN. Foi preso diversas vezes e acabou sendo brutalmente assassinado em 1969, em São Paulo. Foi um ícone de luta contra a ditadura, um grande homem, que deu a vida pelo seu ideal. A sua história nunca foi esquecida e nós fazemos uma visita ao seu túmulo todos anos na data de sua morte, 4 de novembro”, disse Ana.

Este ano, em que Marihella completaria 100 anos, se vivo estivesse, haverá também uma grande comemoração no dia 5 de dezembro, data de seu aniversário. Uma grande programação de homenagens está sendo organizada para a data em Salvador.

Carlos Marighella foi assassinado em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, por agentes do DOPS, órgão responsável pela execução de muitos opositores do regime militar, e seus restos mortais foram trazidos para Salvador em 10 de dezembro de 1979, logo depois da promulgação da Lei de Anistia. A cerimônia teve a presença e participação de centenas de pessoas para ouvir a leitura de uma mensagem escrita por Jorge Amado, amigo de Marighella e seu companheiro na bancada comunista da Assembléia Nacional Constituinte e na Câmara dos Deputados entre 1946 e 1948, lida na ocasião por Fernando Santana.

De Salvador,
Eliane Costa.