PCdoB – BA elege delegação para a Conferência Nacional da Mulher

Mulheres e homens dos quatro cantos da Bahia se reuniram neste sábado (12), em Salvador, na 2ª Conferência Estadual sobre a Emancipação da Mulher. Foram 385 participantes, representando as mais de duas mil pessoas mobilizadas em todo estado para discutir uma das questões definidas como prioritárias para o PCdoB. O evento contou com a presença da vice-presidente do PCdoB, Luciana Santos; do presidente estadual, Daniel Almeida; da secretária da Mulher, Alice Portugal, dentre outras lideranças.

As discussões se deram a partir do texto para discussão, construído pelo Fórum Nacional sobre a Questão da Mulher e que aborda três temas centrais: a luta pela emancipação das mulheres é estratégica, as brasileiras na atualidade e a luta pela emancipação da mulher é tarefa de todo o partido. Depois das exposições das teses pela integrante da comissão estadual de Mulheres do PCdoB, Lidia Rodrigues, e da secretária estadual de Organização, Daniele Costa, os participantes deram suas contribuições, apontando sugestões; em sua maioria, para ampliação do alcance do texto, que foi considerado com idéias atuais e avançadas sobre o tema pela totalidade dos debatedores e debatedoras .

“A mobilização deu certo. Conseguimos superar a nossa meta inicial de mobilização em mais de 600 comunistas e, por isso, elegemos uma delegação grande, com 43 pessoas, sendo 30% de homens. Com um acordo importante com o texto da nossa tese nacional, relacionado ao conteúdo emancipacionista, com a questão étnico-racial, com a necessidade de que os sindicatos incluam, em sua plataforma, a questão da igualdade de gênero e idem nas nossas estruturas de gestão em nosso estado. Portanto, foi muito interessante a participação das mulheres. Foi uma conferência muito vitoriosa, eu estou muito satisfeita e, dentro dos nossos limites de mobilização, o partido deu um show na Bahia. Agora vamos rumo à Conferência Nacional”, comemorou Alice Portugal.

Questão estratégica

A Conferência baiana contou com a participação da vice-presidente nacional, Luciana Santos, que falou sobre a importância da luta pela emancipação da mulher no projeto do PCdoB. “Eu destacaria, como ponto central deste debate, o quanto está entrelaçado a luta pela emancipação da mulher com a Agenda Nacional de Desenvolvimento. Nós temos que voltarmos a mobilização social das mulheres brasileiras, não só das comunistas, para esta agenda de crescimento. Nós precisamos, cada vez mais, botar na ordem do dia o problema da autonomia das mulheres; autonomia econômica, financeira e, muitas vezes, até afetiva, emocional, para que, de fato, a gente tenha um salto na qualidade de vida das mulheres no Brasil”, disse.

“Eu penso que, no momento em que a presidenta Dilma governa o Brasil com dez ministras, exercendo influência e poder de decisão nas esferas mais estratégicas do país, nós temos que tirar consequência disso. E tirar conseqüência disso é termos vanguarda; colocarmos, na nossa agenda política, a agenda de crescimento do país. No projeto do PCdoB, temos reformas que consideramos estruturantes: reforma política, tributária, urbana, da educação, da saúde. Eu penso que, quanto mais as mulheres forem capazes de atuar no centro desta discussão, nós daremos o salto que o Brasil precisa e teremos o entrelaçamento da luta da emancipação da mulher com esta realidade”, enfatizou a  vice-presidente nacional do partido.

Luciana falou ainda da sua expectativa em relação aos resultados da Conferência Nacional. “Tendo como base a Conferência passada, há uma maior participação dos homens do partido, das direções, dos presidentes de partidos, parlamentares, secretários. Então, eu estou muito otimista de dar um salto muito grande na condição atual, de aumentar a participação das mulheres nas direções do partido e fazendo com que tirem consequência daquilo que a gente pensa; de que não é possível fazer com que o partido assimile esta questão de gênero se não for com o esforço coletivo, se não for com a união de homens e mulheres do partido. Por isso, eu estou muito otimista com esta Conferência”.

Denúncia e homenagem

O Encontro foi pautado por vários momentos de emoção, com homenagens a comunistas que partiram, como Loreta Valadares, sempre presente nos eventos do partido, e de José Caíres Meira, que faleceu recentemente; além de Catarina Galindo e Paulo Colombiano, assassinados em junho de 2010.

Na parte da manhã, a Conferência foi espaço também para uma grave denúncia de violência contra a mulher, com o relato do assassinato da militante do PCdoB no município de Maragogipe, Rita de Cássia Medina da Silva, 43 anos, morta a facadas pelo marido, juntamente com sua filha Priscila, 20 anos, no início do mês de abril. A denúncia foi feita pela irmã de Rita, que pediu ajuda para a prisão do assassino, queo qual continua em liberdade.

Segundo a denunciante, o assassino já espancava a esposa há muitos anos e, em 2011, Rita já havia dado duas queixas à Polícia, que não tomou providências para prendê-lo, sob a alegação de que se tratava de um trabalhador. “A mulher pede socorro e a Lei não ouve. A Lei Maria da Penha é para ser ouvida. Rita e Priscila perderam suas vidas. Essa Conferência tomou o nome de Rita e Priscila, duas mulheres, mãe e filha, uma mulher comunista filiada ao PCdoB. Nós não vamos deixar isso impune. Tomamos o compromisso de irmos ao secretário de Segurança Pública, de mobilizarmos outras mulheres. A representação do PSB esteve aqui hoje, em nossa Conferência, e se comprometeu também com essa luta. Vamos tentar encaminhar o máximo para buscar a prisão de mais este criminoso, que matou a mulher por ciúmes e alegações sombrias. Nós vamos lutar contra a impunidade”, garantiu a deputada Alice Portugal.

Participaram do evento, diversas lideranças: os dirigentes nacionais do PCdoB, Péricles de Souza e Julieta Palmeira; o deputado estadual Álvaro Gomes; as vereadoras de Salvador, Aladilce Souza e Olivia Santana; o representante da Fetag-BA, Zé de Doutor; e o superintendente de Assistência Farmacêutica da Bahia, Alfredo Boa Sorte. A  Conferência Estadual sobre a Emancipação da Mulher também reuniu dirigentes sindicais e de outras entidades do movimento social, além de gestoras públicas da capital e do interior. 

De Salvador,
Eliane Costa