Manuela: Mulheres no poder são símbolo da transformação do Brasil

Séculos de luta pela emancipação feminina devem ser relembrados nesta semana comemorativa ao Dia Internacional da Mulher. Muitas nos antecederam nessa caminhada, mostrando que temos de cada vez mais ocupar lugares estratégicos na sociedade.

Por Manuela D'Ávila* 

O nosso papel é fundamental na melhoria do município, do Estado e do país onde vivemos. É ocupando mais e mais espaços políticos e de poder que poderemos dar passos mais decisivos para superar as desigualdades que ainda permanecem.

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Tivemos avanços, mas o preconceito de gênero persiste em todos os campos e classes sociais, dificultando a consolidação de uma sociedade mais inovadora e igual em nosso país. Nos últimos 10 anos, o Brasil experimentou profundas mudanças econômicas e sociais, garantindo a entrada de milhares de pessoas na chamada nova classe média.

Em Porto Alegre, por exemplo, nós mulheres hoje já somos chefes de família em 50% dos lares (Observa POA, 2012), seguindo uma tendência nacional. Vale destacar que, há menos de um século, o homem era considerado o chefe da sociedade conjugal pelo Código Civil de 1916. Já o divórcio foi instituído por emenda constitucional somente em 1977.

Esse recente protagonismo feminino, entretanto, ainda não garante igualdade salarial entre homens e mulheres. Por essa razão, propus um projeto de lei (371/2011) com o objetivo de fiscalizar e punir quando detectada essa disparidade salarial.

Reconhecer que existem diferenças e preconceitos velados é a única maneira de superá-los. Há nove anos, tenho mandatos eletivos. À frente da bancada do PCdoB, em 2013, sou a única mulher líder de partido na Câmara dos Deputados. Como muitas mulheres militantes e jovens, construí minha trajetória de forma independente no movimento estudantil. Mesmo assim, temos de provar constantemente a nossa capacidade de trabalho.

A presença da mulher no Parlamento é central, apesar de muitos tentarem considerar a nossa atuação irrelevante. Lideramos, sim, discussões de matérias com muito valor social, econômico e político. É preciso, porém, avançar ainda mais. Para melhorar essa realidade, é essencial aumentar substancialmente a participação feminina no Congresso.

Dos 513 deputados federais brasileiros hoje, apenas 46 são mulheres. Para o Senado, foram eleitas oito candidatas em 2010, sendo que há 81 parlamentares na Casa. Há apenas dois anos, a primeira mulher ocupou espaço na Mesa Diretora da Câmara. Decididamente, a mulher não tem papel secundário no Legislativo.

Sendo assim, é necessário avançar na igualdade entre homens e mulheres. O aumento da participação política feminina é fundamental para mudar essa mentalidade machista. Mais e mais mulheres devem buscar protagonismo e conquista de espaços de poder na nossa luta coletiva. É importante incentivar candidaturas fortes de mulheres que se destacam na sociedade por seus próprios méritos, e temos muitas. Mulheres no poder são símbolo da transformação do Brasil. 

*Manuela D' Ávila é líder do PCdoB na Câmara dos Deputados.

Fonte: O Globo