Família lembra morte de Marighella em cemitério de Salvador

A família do guerrilheiro baiano e integrante do Partido Comunista Carlos Marighella, morto pelos agentes da ditadura militar, em 1969, se reuniu, na última segunda-feira (4/11), em Salvador, para lembrar os 44 anos da sua morte. O encontro, que já se tornou um ritual nesta data, aconteceu no cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas, onde o corpo foi enterrado.

Segundo o filho Carlos Marighella, que tem o mesmo nome do pai, a cerimônia desse ano não foi divulgada para que tivesse “um caráter familiar”. “Já se tornou um ritual esse encontro, que, normalmente, é um momento singelo. Eu deixei de viajar para participar. [Ontem] Prestamos as homenagens a ele.”, disse Carlinhos, como é conhecido.

A visita ao cemitério, no entanto, deixou o filho do guerrilheiro entristecido pela, segundo ele, falta de preservação. O túmulo de Marighella foi feito por Oscar Niemeyer, um dos mais importantes arquitetos do país, autor do projeto de construção da cidade de Brasília.

“Entrei em contato com a administração do cemitério para cobrar maior preservação. Aquilo é um patrimônio da municipalidade. Tem uma obra de Nyemeyer ali. Além de abrigar uma importante obra arquitetônica, tem enterrado ali uma figura política histórica”, desabafou.

Homenagens

Carlinhos Marighella organiza, para dezembro, quando o pai faria 102 anos, se estivesse vivo, atos em homenagem ao baiano ilustre, que foi considerado o inimigo número 1 da ditadura. A idéia é que as ações se juntem às atividades que vão marcar os 50 anos do regime militar no Brasil.

“Marighella é uma síntese daqueles que lutaram contra a ditadura. Resolveu ficar no Brasil e defendeu a luta armada, quando não enxergou outra saída. O Governo brasileiro e o Estado da Bahia devem a esse homem um reconhecimento e a juventude precisa ter conhecimento disso”, finaliza.

De Salvador,
Erikson Walla