1º de maio: Em Fortaleza, trabalhadores dizem "não" a Temer e ao golpe
O ato em Fortaleza foi promovido pela Frente Brasil Popular, que congrega vários movimentos sociais, centrais sindicais, categorias profissionais, partidos políticos e representantes de diversos setores, unidos contra o golpe e pela democracia.
Publicado 01/05/2016 16:35 | Editado 04/03/2020 16:24

Participando da grande manifestação que marca este domingo, 1º de maio, Dia do Trabalhador, em Fortaleza, mais de seis mil trabalhadores disseram "não" ao golpe e a Michel Temer e reforçaram a defesa da democracia e das conquistas sociais. A concentração foi na Avenida Leste-Oeste, nas proximidades do antigo kartódromo e da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará. De lá, os manifestantes saíram em caminhada, rumo à Barra do Ceará, um dos maiores e mais populosos bairros de Fortaleza e também um dos mais belos cartões postais da capital cearense, com o encontro do Rio Ceará com o mar.
Durante a caminhada, os participantes gritaram palavras de ordem contra o golpe e em defesa da democracia. Centrais sindicais, lideranças ligadas aos movimentos sociais, parlamentares, representantes de partidos políticos e dos mais diversos setores se somaram à grande manifestação no 1º de maio contra o golpe. "Não aceitaremos Michel Temer – Trabalhadores unidos contra o golpe", dizia uma das faixas levadas por manifestantes ao longo de todo o percurso.
Chico Lopes: "O povo está atento"
O deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que chamou atenção de todo o País ao denunciar a hipocrisia dos "bons pais" e "bons maridos" que votaram a favor do golpe no dia 17/4, participou da manifestação, destacando o enorme risco de retrocesso nos direitos trabalhistas, caso o golpe se confirme.
"Se essa grande farsa desse processo sem razão e sem juízo conseguir realmente tirar uma presidenta eleita democraticamente por 54 milhões de brasileiros, os trabalhadores e as trabalhadoras correm sérios riscos, com graves retrocessos em um governo do conspirador Michel Temer, do criminoso Eduardo Cunha e ainda com participação do PSDB de Serra e Aécio, que não se conformam com a derrota nas urnas", afirmou Chico Lopes.
"O povo está atento ao que está acontecendo, a essa tentativa de tomar o poder, desrespeitar o resultado das eleições, impor um golpe de estado no Brasil, mais de 50 anos depois do golpe de 1964, que acabou levando a uma ditadura de 21 anos", ressaltou Chico Lopes, com a propriedade de quem viveu esse período, passando por prisão e tortura.
"Além da quebra da democracia, do menino que não aceita o resultado do jogo e faz birra querendo ser o dono da bola, o povo já viu muito bem que um governo de Michel Temer seria de arrocho, retrocesso, perda de direitos e conquistas, de muitas perdas pro trabalhador", avalia o deputado.
Trabalhadores dizem "não" a retrocesso
"Nos últimos 14 anos, o Brasil conquistou a inclusão social de 40 milhões de pessoas, viu o trabalhador com mais comida na mesa, com reajustes reais anuais do salário mínimo e com filho na universidade, coisa que antes era direito exclusivo da Casa Grande, do filho do patrão. Se o golpe se confirmar, os direitos trabalhistas e o acesso à educação vão sofrer grandes riscos, nas mãos de Michel Temer e dos neoliberais do PSDB, que fizeram o que fizeram durante o governo FHC", aponta Chico Lopes.
“Aquele foi um governo de crise econômica muito maior do que a atual, de muitas demissões, desligamento de servidores, de desemprego em massa, de arrocho salarial, de privatizações, entrega do patrimônio público a preço de banana… Mas isso a maioria dos atuais comentaristas econômicos não diz. Parece que não lembram", avalia.
Contra homenagem a torturador
Já no sábado, 30/4, também em Fortaleza, houve manifestação no Aterro da Praia de Iracema, contra o golpe e contra a reverência feita no dia 17/4, na Câmara Federal, por um deputado de inspiração fascista a um torturador dos tempos da ditadura militar. O povo cearense mostrou mais uma vez coragem de lutar pela democracia e pela liberdade.