Sob pressão, ministro de C&T especula sobre pesquisas contra epidemia

Sumido durante semanas de combate à epidemia de Covid-19, o ministro Marcos Pontes apareceu, mas apenas especulou sobre pesquisas supostamente em andamento, mas sem resultado efetivo.

O astronauta Marcos Pontes é o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. Fotod e Wilson Dias/ABr

Enquanto muitos se perguntavam se o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, não teria um papel relevante no combate à pandemia de coronavírus, ele continuou sumido por semanas das entrevistas coletivas. Mas a pressão continuou, vindo principalmente daqueles que querem defender o presidente Bolsonaro das afrontas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Diante disso, o ministro astronauta brotou de sua órbita burocrática para apresentar o levantamento do que considera pesquisas relevantes para a crise e fugir das frequentes cobranças de cortes no financiamento de pesquisas por todo o país.

O pronunciamento do ministro da Ciência durante coletiva no Palácio do Planalto restringiu-se a repetir especulações de remédios não identificados que poderiam ser usados no tratamento da covid-19, assim como Bolsonaro defende o uso da cloroquina, embora, no mundo todo, não tenha sido publicado nada de efetivo nesse sentido. Trapalhadas do Governo à parte, o país conta com pesquisadores qualificados pesquisando o coronavírus por todo o lado, com seriedade e empenho, algo que o ministro procurou louvar em sua entrevista.

Segundo Pontes, o Governo encontrou remédio com eficácia de 94% contra coronavírus em testes de laboratório, embora a pesquisa não tenha sido iniciada em humanos. Ele também não divulgou o nome das drogas, alegando evitar corrida a farmácias. Nos últimos dias, pesquisa nacional com cloroquina, a substância defendida por Bolsonaro, foi interrompida devido a morte de 11 pacientes. Diante de tanta dubiedade, ficou a torcida para que o ex-astronauta desponte como o ministro que estimulou a descoberta do tratamento para a doença.

O Ministério informou ter encontrado dois remédios que reduzem a replicação do novo coronavírus em células humanas, sem causar efeitos colaterais. Um desses remédios teve eficácia de 94%. Os testes foram feitos em laboratório e serão replicados em 500 pacientes nas próximas semanas. O nome dos remédios, no entanto, não será divulgado antes dos resultados dos testes para que não haja corrida a farmácias.

De acordo com o ministério, o remédio tem baixo custo, incluindo genérico, e tem ampla distribuição no território. A expectativa dele é que o resultado dos testes seja divulgado até a metade de maio. “No máximo na metade de maio, um momento crítico, nós teremos aqui uma solução de um tratamento, se Deus quiser, estou contando que esses testes clínicos realmente demonstrem a eficiência desse remédio, a probabilidade maior é essa. Considerando isso correto, a gente vai ter um tratamento com um remédio que não tem praticamente efeitos colaterais”, disse Pontes.

Mais de 100 testes rejeitados só nos EUA

Foto de Marcelo Casal Jr/Abr

Enquanto muitos se perguntavam se o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, não teria um papel relevante no combate à pandemia de coronavírus, ele continuou sumido por semanas das entrevistas coletivas. Mas a pressão continuou, vindo principalmente daqueles que querem defender o presidente Bolsonaro das afrontas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Diante disso, o ministro astronauta brotou de sua órbita burocrática para apresentar o levantamento do que considera pesquisas relevantes para a crise e fugir das frequentes cobranças de cortes no financiamento de pesquisas por todo o país.

O pronunciamento do ministro da Ciência durante coletiva no Palácio do Planalto restringiu-se a repetir especulações de remédios não identificados que poderiam ser usados no tratamento da covid-19, assim como Bolsonaro defende o uso da cloroquina, embora, no mundo todo, não tenha sido publicado nada de efetivo nesse sentido.

Segundo Pontes, o Governo encontrou remédio com eficácia de 94% contra coronavírus em testes de laboratório, embora a pesquisa não tenha sido iniciada em humanos. Ele também não divulgou o nome das drogas, alegando evitar corrida a farmácias. Nos últimos dias, pesquisa nacional com cloroquina, a substância defendida por Bolsonaro, foi interrompida devido a morte de 11 pacientes. Diante de tanta dubiedade, ficou a torcida para que o ex-astronauta desponte como o ministro que estimulou a descoberta do tratamento para a doença.

O Ministério informou ter encontrado dois remédios que reduzem a replicação do novo coronavírus em células humanas, sem causar efeitos colaterais. Um desses remédios teve eficácia de 94%. Os testes foram feitos em laboratório e serão replicados em 500 pacientes nas próximas semanas. O nome dos remédios, no entanto, não será divulgado antes dos resultados dos testes para que não haja corrida a farmácias.

De acordo com o ministério, o remédio tem baixo custo, incluindo genérico, e tem ampla distribuição no território. A expectativa dele é que o resultado dos testes seja divulgado até a metade de maio. “No máximo na metade de maio, um momento crítico, nós teremos aqui uma solução de um tratamento, se Deus quiser, estou contando que esses testes clínicos realmente demonstrem a eficiência desse remédio, a probabilidade maior é essa. Considerando isso correto, a gente vai ter um tratamento com um remédio que não tem praticamente efeitos colaterais”, disse Pontes.

Mais de 100 testes rejeitados só nos EUA

Não há, no entanto, evidências científicas sólidas de uma medicação eficaz contra a Covid-19 registradas no mundo. Um levantamento encomendado pela Associação Médica Americana (AMA) e conduzido pela Universidade do Texas (EUA) avaliou mais de 100 testes clínicos de remédios contra o Sars-CoV-2 e “nenhuma terapia se mostrou efetiva” nestes quatro meses, segundo o estudo publicado na revista JAMA, o periódico da associação.

No Brasil, os pesquisadores testaram inicialmente, pelo computador, dois mil medicamentos e encontraram seis substâncias consideradas promissoras. Esses seis remédios foram testados em células infectadas com o coronavírus e dois deles reduziram a replicação viral.

Os testes clínicos serão realizados em sete hospitais: cinco no Rio de Janeiro, um em São Paulo e outro em Brasília. Nem os pacientes, nem os médicos saberão qual remédio (e placebo) estarão utilizando. “Depois de todo o protocolo clínico realizado, isso é desvendado, e a gente sabe se houve eficiência ou não do medicamento”, explicou o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do ministério, Marcelo Morales.

O paciente receberá o medicamento durante cinco dias e será monitorado, no total, por 14 dias. O público que receberá será amplo.  “O paciente que chegou com pneumonia, com tosse seca, febre e aquela característica da tomografia em vidro fosco. Ele não é tão grave, mas está com sintomas da Covid”, disse o secretário.

Testes com inteligência artificial

Marcos Pontes também anunciou duas alternativas para suprir a ausência dos reagentes necessários para a realização de testes para coronavírus no Brasil. A primeira delas é a fabricação de um reagente nacional, em um laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Eles desenvolveram nessa unidade um reagente nacional que tem exatamente a mesma performance dos reagentes importados para esses testes diagnósticos”, explicou. 

Outro anúncio foi um teste feito com inteligência artificial, que não precisa de reagentes. “Temos uma outra alternativa que não precisa de reagente. Esse equipamento utiliza inteligência artificial. Faz a iluminação por laser da saliva da pessoa que está sendo testada e consegue detectar a presença ou não do vírus”, disse.

Segundo o ministro, o resultado do teste sai em um minuto com precisão e sem reagente. Segundo o ministro, esse equipamento poderá estar disponível em até 20 dias, com a capacidade de realizar 500 mil testes por dia: “A máquina já existe e a inteligência artificial está sendo calibrada neste momento. Temos capacidade de, em 20 dias, colocar um número considerável destas máquinas, não sei o numero ao certo. Estas máquinas conseguem fazer 500 testes por dia. Se a gente pega mil máquinas dessas, são 500 mil testes por dia. Existe essa capacidade de se ter essas mil máquinas”, concluiu.

“Imaginando que tudo isso funcione [o remédio e os testes], em meados de maio teremos ferramentas muito efetivas para combater essa pandemia no Brasil e resolver todos esses problemas”, disse o ministro.

Segundo o ministro, o resultado do teste sai em um minuto com precisão e sem reagente. Segundo o ministro, esse equipamento poderá estar disponível em até 20 dias, com a capacidade de realizar 500 mil testes por dia: “A máquina já existe e a inteligência artificial está sendo calibrada neste momento. Temos capacidade de, em 20 dias, colocar um número considerável destas máquinas, não sei o numero ao certo. Estas máquinas conseguem fazer 500 testes por dia. Se a gente pega mil máquinas dessas, são 500 mil testes por dia. Existe essa capacidade de se ter essas mil máquinas”, concluiu.