Conselho de Ética aprova cassação de Arthur do Val na Assembleia paulista

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou nesta terça-feira (12), por unanimidade, a cassação do mandato do deputado Arthur do Val (União), o  Mamãe Falei, por quebra do decoro parlamentar ao fazer comentários machistas e misóginos sobre mulheres refugiadas ucranianas. A sessão foi tumultuada por manifestantes que tentaram impedir a votação.

Decisão importante e correta do Conselho de Ética da Alesp que votou com unanimidade pela cassação do deputado Arthur do Val. Não podemos tolerar assédio, machismo, comportamento misógino de nenhum deputado. Agora a cassação vai a voto no Plenário da Casa!

— Leci Brandão (@lecibrandao) April 13, 2022

Após o voto favorável de todos os nove deputados e deputadas que compõem o Conselho de Ética ao relatório, que indicou a aplicação de medida disciplinar de perda do mandato, a cassação do deputado fica mais próxima e deve ser confirmada pelo plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Que hoje fique registrado na história da luta feminista a palavra RESISTÊNCIA! ✊?

— Deputada Isa Penna (@isapenna) April 1, 2021

Com a aprovação da perda do mandato no plenário, Arthur do Val ficará inelegível por oito anos, ficando, assim, abreviada sua história política-parlamentar.

Hoje, o mesmo homem que por diversas vezes filmou a si próprio na rua perseguindo mulheres, professoras, artistas, ativistas, teve seu mandato cassado por unanimidade no Conselho de Ética da ALESP após promover turismo sexual em áudio repleto de machismo e misoginia.

— Manuela (@ManuelaDavila) April 12, 2022

As cassações na Assembleia paulista são casos raros. O ex-deputado Hanna Garib, pelo caso da máfia da propina, também foi cassado pelos pares da Alesp, em 1999. O caso recente de importunação sexual explícita à deputada estadual Isa Penna (PCdoB-SP), que escandalizou o país, acabou sem a cassação do deputado Fernando Cury (União). Arthur do Val poderá ser o segundo deputado cassado, 23 anos depois de Garib.

Em viagem à Ucrânia, alegando apoio humanitário, o deputado Arthur do Val referiu-se às mulheres ucranianas de maneira sexista, machista, misógina e desumana. Em mensagem por áudio, do qual confirmou a autoria, o deputado afirmou que as ucranianas são fáceis por serem pobres, o que causou indignação de vários segmentos da sociedade, de organizações de mulheres e de representantes de movimentos sociais e políticos. 

Um grupo de mulheres ucranianas que acompanhou os trabalhos do Conselho de Ética da tarde desta terça-feira recebou a solidariedade dos deputados.  “Quero falar para vocês que me sinto muito envergonhado por estar discutindo um caso dessa gravidade aqui no parlamento paulista, como homem, como brasileiro”, disse o deputado Enio Tatto, que representa o PT-SP no Conselho.

Foram 21 os pedidos de representação contra Mamãe Falei apresentados ao Conselho de Ética. Um sem-número de moções foram dirigidas aos parlamentares pedindo providências frente às agressões de Arthur do Val.

Para o deputado petista Enio Tatto, a mesma violência das frases pronunciadas nos áudios divulgados pode ser vista no comportamento que Arthur do Val teve desde que chegou à Assembleia. “Ele chegou aqui agredindo deputados e deputadas, individualmente, e isso está gravado, agredindo partidos como um todo; ele chegou nesta Casa, o que vem colaborar com esse desfecho, agredindo dirigentes sindicais e de entidades da sociedade civil”, lembrou o petista, anunciando: “lamentando um caso como esse de desrespeito a todas as mulheres do Brasil, da Ucrânia, de todo o planeta, meu voto será favorável ao parecer do relator, pela cassação do mandato do deputado Arthur do Val”.

Assista à reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar: