Operador de drone diz em vídeo que jogou veneno em multidão de evento com Lula

Ainda em fase de pré-campanha, já há mostras de que os bolsonaristas tentarão tornar o pleito violento e despolitizado.

PM flagra ocupantes de uma caminhonete com o drone | Foto: Divulgação

Gravação divulgada nas redes sociais mostra os operadores de drones falando sobre o uso de veneno no ataque contra apoiadores do PT e do PSD, na quarta-feira (15), em Uberlândia (MG).

No evento, estiveram presentes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato ao Planalto, e também Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte, pré-candidato ao governo do Estado de Minas Gerais.

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Os participantes do evento político, inicialmente, afirmaram ter sido atingidos por fezes e urina lançadas pelo drone.

Drone apita quando o veneno acaba?

No vídeo, um dos homens questiona se o drone apita quando o veneno acaba. O controlador do equipamento afirma que havia despejado “dois litros só” e que ainda tinha bastante conteúdo para ser jogado.

Um dos homens pede para que o líquido seja jogado em cima do palco.

De acordo com o portal G1, militantes seguiram o drone e identificaram três pessoas que poderiam estar controlando o equipamento. A Polícia Militar foi acionada, levou os suspeitos e apreendeu o drone.

Segundo policiais, o líquido jogado era produto químico para atrair moscas e muito usado em algumas lavouras.

Leia a conversa:

Homem 1: Na hora que acaba o veneno, apita?
Homem 2: Apita.
Operador: Está saindo muito, fii. Nossa, meu Deus do ceú!
Risos
Operador: O povo tá correndo, véi.
Homem 2: Acabou não, chefe?
Operador: Não, tem produto aqui ainda. Ó o povo, tacando trem lá, véi.
Homem 1: Levanta, levanta.
Operador: Tenho que levantar, o povo tá tacando trem.
Homem 1: Pode levantar. Joga pra cima do palco. Joga pra cima do palco.
Operador: Nossa, véi. Em cima do palco?
Homem 1: É! Lá no rumo daquelas caixas lá, isso!
Homem 2: Aumenta a vazão.
Homem 1: Aumenta a vazão.
Operador: Já tá no máximo aqui.
Homem 2: Uai, tá demorando demais.
Operador: Tá ué. É que tá saindo pouco.
Homem 1: Será que tem muito ainda?
Homem 2: Quantos litros têm?
Operador: Tem, nós jogou dois litros só, fii.
Homem 1: Roda mais para o lado da arquibancada.
Operador: A lá, caindo. Ó o pau lá, cê viu?
Homem 1: Dá mais uma volta, vai andando. Não fica parado não. Vai andando que eles não acertam. Não fica parado não.
Risos
Homem 1: Não fica parado não.
Homens 1 e 2: Sobe mais, sobe mais.

Eleições violentas

A corrida eleitoral ainda não começou oficialmente. Ainda na fase de pré-campanha, mas já se pode prever a tentativa dos bolsonaristas de tornar o pleito violento e despolitizado, antes, durante e depois da disputa.

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E despolitizado, porque como Jair Bolsonaro (PL) não tem “vitrine”, não têm realizações para mostrar à população, o candidato e os bolsonaristas irão radicalizar nas ações de campanha para suprir a falta de conteúdo político do chefe do Executivo.

Esse evento da pré-campanha de Lula com Kalil é expressão objetiva dessa assertiva. O bolsonarismo, acossado pelo desempenho pífio do presidente da República na contenda reeleitoral, tentará intimidações e provocações.

Ao discursar, Lula repudiou o ato covarde bolsonarista.

“Não pode ser um ser humano normal, um canalha que coloca um drone para jogar sujeira no povo aqui. Nós não vamos deixar barato. Esse cidadão não merece ser mineiro, porque se tem uma qualidade no povo mineiro é a tranquilidade”, disse Lula.

Outdoors

Foto: Reprodução

Não foi apenas por meio do ataque com drone que o bolsonarismo tentou sabotar o evento em Uberlândia.

Durante a preparação e organização do evento em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, grupos fascistas protestaram contra a visita do ex-presidente na última quarta-feira.

Outdoors com críticas ao líder petista e com exaltação a Bolsonaro foram afixados em diversos pontos da cidade.

Segundo cálculos dos organizadores da ação, cerca de 100 cartazes podiam ser vistos nas ruas uberlandenses.

O vereador Cristiano Caporezzo, do PL, ajudou nas articulações em prol dos cartazes anti-Lula. Ele atua na coordenação do “Direita Minas”, movimento que reúne parte dos bolsonaristas do Estado.

“Apenas ajudei na organização. Fizemos as artes de alguns. Quem financiou isso foi a população através de uma vaquinha pública”, afirmou o parlamentar. É sabido que isso é mentira. Não há em lugar alguns esses “movimentos espontâneos”. Todos são financiados por políticos de direita.

Caporezzo foi policial militar. Ele ganhou a eleição para vereador pelo Patriota e se filiou ao PL a reboque da ida de Bolsonaro à sigla.

Fonte: Hora do Povo