Uber pagou milhões em campanhas contra taxistas e implica o presidente da França

Vazamento de dados indica o gasto de quase meio bilhão por ano pela Uber em lobby e campanhas de relações públicas para conquistar apoio de políticos. Emmanuel Macron, atual presidente da França, é cobrado por explicações.

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A Uber, empresa global de transportes, teve vazado ao jornal britânico The Guardian mais de 124 mil registros de comunicação que ocorreram entre 2013 a 2017. O vazamento, que está sendo chamado de Arquivos Uber (Uber Files) e foi transmitido ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), propiciou a revelação ao mundo das entranhas da empresa.

Com base nos arquivos, o The Guardian aponta que foi gasto anualmente em lobby e campanhas de relações públicas cerca de R$ 483 milhões (US$ 90 milhões), quase meio bilhão de reais. Os valores foram utilizados, principalmente, em campanhas para conquistar apoio de políticos contra protestos de taxistas na Europa.

Outro ponto gravíssimo é a revelação de um sistema de obstrução contra investigações policiais. A empresa criou um sistema chamado “kill switch” (um botão de desligar) para impedir o acesso aos seus bancos de dados.

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O jornal Le Monde, que faz parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, mostrou que uma planilha da Uber contava com mais de duzentos nomes registrados de políticos, jornalistas e influencers que atuaram pela implantação da empresa na França.

Atuação de Macron

O atual presidente da França, Emmanuel Macron, em 2014, como ministro da Economia, viu na Uber uma forma de diminuir o desemprego no país e se reuniu com frequência com o cofundador e então presidente da empresa, Travis Kalanick, assim como com lobistas da transnacional.

Em um incomum contato entre uma agente político com uma empresa, como revela o The Guardian, Macron abriu as portas para a atuação da transnacional no país e se dispôs a ajudá-la mesmo com os protestos de taxistas contra o lançamento do UberPop.

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Com o avanço da violência nos protestos que se estenderam até 2015, a preocupação tomou conta das autoridades. Dessa maneira, como e-mails revelam, a Uber suspendeu o UberPop. Mas houve uma contrapartida que só foi entendida agora, após os vazamentos dos Arquivos Uber: após alguns meses Macron afrouxou os requisitos para que a Uber licenciasse seus motoristas.

Agora, deputados franceses pressionam para que o presidente Macron dê explicações sobre a sua atuação que atentou contra o cargo que ocupava e os interesses dos trabalhadores.

Com informações BBC e G1

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