Confira seis pontos que poderão embasar o voto nas eleições deste ano

Jornal O Globo conversou com pesquisadores para entender quais pontos são decisivos para a opinião pública nas eleições. Auxílio Brasil e Fake News são alguns dos temas.

Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom

Reportagem do Jornal O Globo do domingo (14), reuniu pesquisadores para debater o cenário político e entender quais são os pontos que podem influenciar a opinião pública nas eleições presidenciais 2022.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, cresceu quatro pontos percentuais em uma semana e ampliou a vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), como indica a nova pesquisa do instituto FSB-BTG.

Mas ainda que a polarização entre os dois pareça ser a marca na disputa para presidente deste ano, mais pontos devem ser observados. Além da própria polarização que ganha “outros palanques”, Auxílio Brasil, Fake News, voto envergonhado, propaganda de TV e voto religioso compõem seis pontos para que se entenda como a opinião pública pode ser posicionar.

Auxílio Brasil

De acordo com análise feita pelo O Globo, é comprovado que programas de transferência de renda tem alta popularidade e garantem votação. No entanto, sozinhos nunca foram suficientes para virar uma eleição.

O jornal traz que nenhum presidente antes de Bolsonaro empregou tanto dinheiro tão próximo às eleições. Isso acontece com o aumento do Auxílio Brasil de 400 para 600 reais feito somente para este ano. O presidente decretou “estado de calamidade pública” para que o aumento fosse concedido.

Os efeitos dessa medida são incertos, porém é notável que entre as classes mais baixas Bolsonaro pode crescer mesmo com parcela da sociedade identificando a medida como eleitoreira, uma vez que foi concedida meses antes das eleições e Bolsonaro não sinalizou com permanência para o próximo ano, caso vença.

Já Lula, junto ao deputado federal André Janones (Avante) que tirou a sua candidatura ao planalto para apoiá-lo, anunciou que irá manter o Auxílio Brasil em R$ 600 em 2023.

Assim, especialistas consultados entendem que somente as urnas dirão os efeitos do aumento, pois, enquanto Bolsonaro pode amealhar até 3 milhões de votos a mais, é Lula que historicamente é identificado com programas de transferência de renda aos mais necessitados.

“Voto envergonhado”

Outro ponto de debate trazido pelo jornal é o “voto envergonhado”, em que as pesquisas de intenção de voto não conseguem captar cenários reais porque as pessoas mentem ou omitem o seu verdadeiro voto.

O fenômeno acontece, em partes, porque as pessoas querem estar de acordo com a opinião pública ou com os valores dos grupos que participa. Com isso, acabam não revelando o seu voto oficial nas pesquisas. No Brasil estes efeitos ainda precisam serem observados. O que os pesquisadores acreditam é que parcela dos votos por aqui será decidida por falta de opções de terceira via. Ou seja, os votos são mais creditados pelos eleitores por não encontrarem opção do que por preferência. Tanto que parte do eleitorado baseia a escolha entre os dois primeiros candidatos mais bem posicionados na corrida eleitoral com base na rejeição.

Fake News

Embora as campanhas contra as informações falsas tenham crescido, a máquina de propagação desse material também aumentou. E com a falta de regulação e de medidas que tirem estes conteúdos do ar o voto fica pouco pautado em propostas e feitos reais dos candidatos. A exposição às Fake News, portanto, continua a ser fator determinante.

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Mesmo que a propaganda de TV possa parecer obsoleta, consultores acreditam que muitas pessoas estão fora das redes sociais, principalmente das camadas mais populares. Desse jeito, a propaganda televisa deve manter o seu impacto nas intenções de voto.

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro vencer as eleições de 2018 com apenas 8 segundos de televisão, a cobertura de Bolsonaro nos telejornais por conta da facada ajudou a impulsioná-lo com o tempo dedicado à sua imagem. Por outro lado, Geraldo Alckmin que disputou as eleições pelo PSDB tinha 44% do tempo eleitoral, porém só teve 5% dos votos.

Propaganda TV

Neste ano, a coligação do ex-presidente Lula terá, aproximadamente, 3 minutos e 16 segundos para cada bloco do horário eleitoral gratuito, sendo dois blocos por dia. Agora Bolsonaro sairá dos oito segundos para um tempo de cerca de 2 minutos e 40 segundos.

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Os dois concentram o maior tempo do horário eleitoral. Além desses blocos, os candidatos têm inserções diárias ao longo dos intervalos das emissoras com peças de 30 segundos. Lula com cerca de sete a oito, Bolsonaro com seis.

Polarização

Outro tema latente é o quanto a polarização terá influência. As disputas estaduais já deram o tom de que o tema irá persistir, com divisões para palanque aos candidatos separando uniões antigas nos estados como no Ceará.

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Voto religioso

Extremamente explorado por Bolsonaro, o voto evangélico teve grande peso na sua eleição em 2018. Segundo pesquisas, o grupo representa 25% do eleitorado.

Apesar da massa evangélica ter apoiado o atual presidente, os estudiosos enxergam que a comunidade não está alheia à questão econômica e recebe informações de outras fontes que podem influenciar na escolha.

Já alguns pesquisadores ressaltam a diversidade dos grupos evangélicos, sendo que certos grupos são mais identificados e outros menos identificados com o bolsonarismo. Por fim, evidenciam que o ideal é acompanhar a movimentação dos líderes religiosos, sobretudo, dentro das igrejas.

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